domingo, 23 de janeiro de 2011

Aniversários no sítio

Na última quarta-feira, duas amigas da turma fizeram aniversário. Como não tínhamos o que marcar no final de semana, resolvemos fazer um churrasco para comemorar os anos das duas. A parte do churrasco ficou só no "resolvemos" mesmo, porque ninguém da turma era cozinheiro o suficiente para pilotar uma churrasqueira. A aniversariante que havia se encarregado de comprar uns salgadinhos torrou o dinheiro que tinha ganhado do avô em Heinekens. Não posso reclamar da escolha dela, mas um dos nossos amigos pagou caro por isso e outras coisas, mas já escreverei sobre isso.
Cheguei meia hora antes do horário combinado, para abrir e acender a casa do sítio. Todo mundo se atrasou, mas não me preocupei. A companhia de um bom livro e a música do Casa das Máquinas me preencheu o tempo.
Os primeiros a chegar foram o Pingo, a Mia (uma das aniversariantes), a Michelle e o Junior. Em seguida, vieram o Mazara e a Lu (a outra aniversariante), junto com mais três amigas desta, pois eles, dali, iriam a um show. Chovia muito e não sei por quê diabos resolveram manobrar o carro perto dos abacateiros. Acabaram trancando o carro com um pedaço de tronco embaixo. Duro foi tentar ajudá-los e explicar para os léos, no celular, como se chegava no sítio. Consegui coordenação para convencê-los a esperar e peguei o carro e fui encontrar os guris perdidos.
Depois de uma Heineken, fica um pouco difícil ter noção de espaço, por isso levei tempo até conseguir manobrar o carro para fazer a volta e voltar para a casa. Mas deu tudo certo.
Só voltei e já pedimos aos meninos que ajudassem a empurrar o carro, enquanto uma menina (mais leve), acelerava. Nada como a leveza feminina unida à força bruta de seis homens para salvar um carro.
Bebemos, batemos muitas fotos e tocamos violão noite adentro. A Jaque, o Juno e o Andrei só vieram mais tarde, mas se perderam. Sem problemas, nada que 17 minutos comigo explicando no celular e o Andrei pesquisando no Google Maps não resolvessem.
Enquanto eles entraram, eu e os Léos fomos ao próximo posto que estivesse aberto (o que não foi fácil, por causa de uma lei municipal que impede os postos daqui de ficarem abertos a noite toda), para comprarmos mais cerveja, cigarro para eles e algum forra-estômago provisório. Ao som de Confraria da Costa e uma coletânea dos Rollings Stones no carro, não havia como resistir ao clima maravilhoso da noite, embora eu procurasse não me exceder, já que os dois já estavam bêbados o suficiente.
Comprei um saco grande de chips, enquanto os dois ficavam calculando se valia mais a pena comprar uma caixa de Skol, com 12 latinhas de 300ml ou uma de Antártica, com 24 latinhas de 250ml. Ainda não sei como o Léo G conseguiu fazer aquela conta, mas acabamos levando a de Skol. Demos uma volta gigantesca na cidade, para fugir do trânsito que pegaríamos pelo caminho mais curto e voltamos para o sítio.
Quando voltamos, a Lu, o Mazara e as amigas já tinham ido para o show. Colocamos as cervejas no congelador e sentamos junto com os outros, para tocar mais violão. A essa altura da madrugada, manter a luz acesa era um crime aos olhos de todos; por isso, apagaram-nas.
Aproveitei para sentar ao lado do Andrei e desabafar um pouco, em inglês, com ele. Apesar de o Léo F ter ficado jogando bolinhas de papel em mim, para eu parar de bancar a integrante do clube-da-bolhinha, fez bem conversar um pouco com meu amigo.
Depois de muito tocar violão, o Léo G começou a cochilar no sofá. Eu teria registrado, se a Lis não tivesse ido cutucá-lo, mas tudo bem. Ou, talvez, não tanto assim.
Não tanto assim, porque ele foi ao banheiro e de lá demorou uma boa hora para sair. Vomitou tudo o que tinha e o que não tinha dentro de si. Fiquei preocupada, mas não havia jeito de ele abrir a porta. O jeito foi esperar ele melhorar um pouco e sair de lá, para levá-lo para casa.
Assim que saiu, levei ele, a Lis e o Gui para casa. O Léo F foi comigo para eu não voltar sozinha depois. Eles poderiam ter chamado um táxi, mas fiquei preocupada com o estado que o Léo G estava (sequer conseguia falar).
Eles moravam na praia, para frente de onde o diabo perdeu as botas. Muita estrada de chão e buracos, com o saldo de um inocente sapo atropelado (o que me dói o coração só de lembrar, mas eu só ouvi o estralo). Deixamos a Lis e o Gui na esquina na casa dele e o Léo G., na frente de sua casa. Ele vomitou ainda, durante o caminho, o que nos fez andar mais devagar e com a porta dele aberta. Mas conseguiu entrar em casa caminhando e cumprimentar o pai, que já estava acordado. Voltei com a sensação de ingratidão apertando o peito, por sequer um "obrigado" ter recebido de qualquer dos três (ou dos dois que estavam sãos). Mas tudo bem, eu só erro uma vez.
Voltamos para o sítio pela mesma estrada que viemos (ou pelo menos parecia). Arrepios e conversas à parte, quase atolamos o carro, mas chegamos sãos e salvos na Lagoa.
Quando chegamos - devia ser umas quatro e meia da manhã -, o Pingo e a Mia estavam só nos esperando para se depedirem de todos. Na verdade, ainda ficaram mais um pouco, mas foram para casa depois.
Ficamos com o som ligado baixo. A Jaque e o Juno se aconchegaram no sofá e lá ficaram o resto da noite. Sentei do lado do Léo F. e o Andrei deitou no outro sofá, embora revezássemos o lugar deste. Estavam todos cansados, exceto eu, que estava alerta demais com toda a preocupação da noite. Ficaram com inveja do meu pique, embora eu não passasse de uma insône, num corpo carregado de adrenalina.
Combinamos de ver o nascer do sol na beira da lagoa. Na hora de isso acontecer, a Jaque e o Juno já estavam no quinto sono, então foi uma ideia falida tentar tirá-los dali. Também não foi fácil tirar o Léo F. do sofá. Mais forte do que eu e sem um pingo de vontade de levantar, eu precisei ter argumentação para fazer ele levantar e me deixar levantar também, mas isso fica para outra conversa.
Fomos os três, eu, o Andrei e o Léo para a beira da lagoa. O acesso ao trapiche estava impedido pela cheia; por isso, nos contentamos em colocar as cadeiras no terreno seco mesmo.
Vendo os raios do sol acordarem aos poucos, com uma nuvem escura e carregada de raios ao lado; em meio à natureza, que pouco a pouco acordava seus pássaros, insetos e peixes, em ótima companhia e com o distante barulho do mar. Foi um dia inesquecível para mim. Ali, eu pude encontrar o que procurei durante toda a minha adolescência: aproveitar a vida, aproveitar meus amigos, viver cada segundo sem pensar no próximo minuto. E acordar, no outro dia, olhando para trás e percebendo que valeu a pena cada instante que passei e que minha vida não está acontecendo em vão.