domingo, 12 de dezembro de 2010

Segundo recital

Essa será a terceira tentativa em que eu entro no blog para postar sobre a noite de terça-feira. Agora preciso contar de uma vez.
Foi feito no salão de festas da pizzaria Help, onde havia um boliche antes. Fiquei preocupada com a acústica de lá, mas logo vi que os cubos e os retornos nos devidos lugares resolveriam qualquer sombra de problema.
Minha professora me incumbiu de ajudá-la na chamada de cada aluno ao palco, para se apresentar. Sem problemas, desde que ela me desse uma pauta organizada.
Cheguei em cima da hora, com o Andrei e minha mãe. Deixei-os na mesa e fui para o palco.
Começamos pelas músicas a quatro mãos (para duas pessoas tocarem). Dois a dois, inclusive eu e outra colega. Tocamos Galope do Diabo, de Gustav Ludovic . Minhas pernas tremiam feito vara verde, mas as mãos continuavam firmes (embora um ou outro descuido ainda ocorresse).
Prosseguindo, passamos às músicas ao piano e ao teclado. Eu seria uma das últimas, então teria tempo para relaxar. As apresentações foram intercaladas por três músicas maravilhosamente tocadas por um ex-aluno de minha professora. A Pollonaise e o Noturno n°1, de Chopin, além de outra intensa e melancólica que, infelizmente, não me recordo o nome. Não sei se para ele valeu a pena sair lá de Florianópolis, em véspera de prova e faltar um dia de trabalho só para vir tocar no recital, mas, sem dúvida valeu muito para mim, pois esse mãos-de-anjo me fez lembrar de outro pianista, também ex-aluno de nossa professora, que era capaz de me fazer perder em devaneios quando ele tocava.
Dando continuidade, as apresentações se estenderam por três horas. Tirando o "chá de cadeira", para quem ficou sentado não houve tanto cansaço, já que havia rodízio de pizza e bebidas quando precisassem. O triste era aguentar a noite toda aquele cheirinho vindo ao palco, com uma mal-educada gritando os sabores, sem podermos sequer beliscar um pedaço.
Fui me apresentar sozinha lá pelas dez horas da noite. Estava cansada, em função do tempo que fiquei de pé, mas sabia que ainda podia tocar as músicas. Inicialmente, iria tocar Lua Branca, Não insistas, rapariga! - ambas de Chiquinha Gonzaga - e Valsa em Mib, de Auguste Durand. Como o recital se extendeu além do limite, cortamos a segunda música da Chiquinha Gonzaga. A Lua Branca ficou maravilhosa, apesar de minha professora já estar com a voz um pouco cansada no final da noite. Já na Valsa, eu fiquei mais nervosa e errei muito. Também por ser tarde e ser uma música um pouco extensa e cansativa, meu desempenho foi um pouco afetado.
No fim da noite, depois das despedidas de sempre, fomos para a pizzaria, comer nossa merecida. Meus amigos aguentaram a noite toda, sem comer um pedacinho, em solidariedade a mim. Foi uma noite muito divertida (principalmente por ter podido compartilhar com grandes grandes pessoas que quero muito bem) e fiquei com o gostinho de quero-mais, da próxima apresentação.
O Andrei ficou gravando para mim, mas as duas últimas músicas ele acabou filmando num vídeo só e deixou um pedaço da última música em outra gravação. Só deu para salvar a primeira música solo (o que poupou a todos de ver uma música linda de Durand sendo mal tocada). Vou postá-las aqui. Espero que gostem
Quatro mãos:
Solo no piano:

domingo, 5 de dezembro de 2010

Rock, Blues e Polícia

Não estava muito animada para sair hoje, mas como eu tinha dado minha palavra que iria ao show da banda de uns amigos meus, obriguei-me a vencer a dor forte que me bateu cedo. Comentei com alguém, antes de ir, que estava com mal pressentimento. E eu só podia acreditar nisso, visto que não tinha comido nada que me desse indigestão e afetasse meu raciocínio e nem tinha visto filmes de terror (que já é de praxe deixarem pessoas desconfiadas até com fios de postes da rua).
Como a Jaque e o Juno haviam ido a um noivado, o Diogo tinha ido para outro lado e o Andrei não estava a fim de ir, fui sozinha, na esperança de encontrar alguma viva alma conhecida, para não ser mais uma bebum solitária, com sua garrafa de cerveja e seu copo cheio. Felizmente, haviam bastantes pessoas e encontrei o Ranieri e o Clayton assim que cheguei. Conversei um pouco com cada um e fui para uma mesa perto da turma da banda, embora soubesse que não ia parar para discutir filosofia e política com eles. O Clayton, então, ficou me fazendo companhia.
Começou a Golla Pollo tocar um pouco antes de eu chegar. Com um repertório passando de Doors, Credence Clearwater Revised, Pearl Jam, Led Zeppelin, Pink Floyd, indo para clássicos do rock anos 60, entre outras. Acho que já assisti a, pelo menos, quatro shows deles, com o repertório razoalmente igual. Mas não consigo enjoar de quem toca com gosto e tem qualidade nas suas versões. Só mais tarde percebi que estava rouca, de tanto tentar cantar junto, embora não conseguisse sequer me ouvir direito.
Terminaram lá pela uma da madrugada, durando também uma hora o show. Era a vez de meus amigos, a banda de blues/rock, Trio e Capone.
Trocaram os instrumentos sem grandes problemas, testaram os microfones e começaram, tocando uma música própria que eu até me arrisco a cantar o refrão, mas que até hoje (depois de quase um ano indo aos shows deles) não sei o nome. Mas não faz mal.
O público estava um pouco seleto, devido ao fato de terem cobrado a entrada, mas mostrava-se atento, dispensando a mesma dedicação e respeito para ambas bandas (o que achei interessante, visto que era a primeira vez que os guris estavam tocando ali, enquanto que a Golla Pollo já tinha toda uma estrada na região sul).
Intercalaram com uma do Beatles, que animou os All Stars até dos mais quietos das mesas. Nunca fui fã, mas acompanhei, ao estilo "lalalala".
Em seguida, veio outra própria (que eu sei que o nome tem a ver com a perca do alazão, mas perdoe, leitor, essa escritora que acabou de sair do bar e ainda está sob o efeito da cerveja).
Tudo estava indo maravilhosamente, até que aquele infeliz daquele mal amado daquele vizinho - que parece não dormir para vigiar quem vai ser o próximo grilo a perturbar a tentativa de sono dele - chamou a polícia, por estarem fazendo baderna no calçadão.
Curioso esse sujeito, que veio do interior da cidade e agora quer impor a lei do silêncio em um bar que leva dois meses para realizar um show; sendo que chega a ter desfile de som automotivo na rua, com todos os vidros tremendo, todo o tempo. Por quê aquele nobre cidadão, que (eu quero acreditar) zela pelo silêncio e a não-perturbação do sono dos moradores desse bobódromo chamado Centro, não procura destinar seu exercício de cidadania de forma um pouco mais sensata e menos egoísta? Se o bar toma todas as medidas para evitar que o som não passe do estabelecimento, é justo que, por causa de um sujeito, que vive chamando a polícia por qualquer movimentação um pouco mais ruidosa no local, prejudique o negócio do dono e até mesmo a segunda banda, que teve que alugar boa parte dos equipamentos?
Moro há 18 anos nesse inferno, sei o que é ter que sair da minha própria casa para conseguir estudar para uma prova, para relaxar, para descansar em silêncio. Mas não é brigando com um particular que se vai resolver um problema cultural de toda uma população que, tenho segurança disso, não se resume a uma pequena cidade de oitenta mil habitantes.
Na próxima vez que eu for, vou sugerir ao dono que ofereça sociedade a essa criatura míope, que não deve enxergar além do próprio umbigo. Contabilizando os gastos que um profissional que está há mais de 20 anos na área tem para manter um bar que a gurizada gosta e respeita, talvez ele decida ir ao oculista, ou repense um pouco mais nos seus atos

domingo, 31 de outubro de 2010

Apuros em Floripa

Quinta-feira peguei um ônibus e fui para Florianópolis, com o foco em assistir ao quinto CCAD (Congresso dos Centros Acadêmicos de Direito de Santa Catarina). Três dias para se virar sozinha, num apartamento só para mim e com o único cuidado de não gastar muito nem errar os ônibus.
Tudo tranquilo, pelo menos até chegar no meio do caminho e pensar em olhar quanto tempo faltava para chegar. Eis que surge a surpresa: onde foi parar meu celular?
Revirei minha pasta, meus bolsos e nada. Céus, será que eu o perdi? será que deixei na mala, embaixo do ônibus? Meu estômago ia se embrulhando de desespero, à medida que aquele ônibus avançava na estrada. Paciência, pensei. Até porque ter uma crise nervosa e começar a vomitar no meio da viagem não ia ajudar em nada.
Esperei, ainda que acometida pela impaciência e pelo tédio da viagem, para verificar na mala quando chegasse à rodoviária da Ilha. Nada de novo.
Peguei outro ônibus, para ir para o apartamento. Sentei do lado de uma senhora morena, muito simpática, por sinal. Desceríamos no mesmo ponto, então tivemos tempo de conversar um pouco.
Descobri que ela foi uma das primeiras professoras do curso de Psicologia da UFSC. Havia feito seu doutorado em Nicarágua e seu mestrado na PUCRS. Quando comentei da violência que infelizmente atinge Porto Alegre hoje, ela comentou de um episódio de quando ela estudou lá, antes de conhecer seu atual marido. Foi mais ou menos assim:
Estava ela descendo do ônibus, quando um sujeito arrancou a bolsa dela e saiu correndo. Ela, que na época tinha o mesmo corpo magro que eu e que sempre gostou de correr. Foi atrás dele e conseguiu o alcançar. Quando ele foi sentar num canto e ver o que tinha dentro da bolsa, ela puxou-a e ainda teve tempo de mandá-lo ir trabalhar, ao invés de roubar de gente pobre e da mesma cor que ele.
Ao fim do trajeto de nosso ônibus, ela perguntou meu nome, para que lembrasse de que me conheceu quando visse meu nome brilhar. Eu ri e agradeci o incentivo gentil dela e também perguntei o nome daquela adorável e recém-feita amiga, que até a UFSC já hávia a homenageado, em uma placa cromada, bem na entrada do prédio de psicologia do campus da Ilha.
Aquela conversa me fez esquecer, ainda que por alguns minutos, o pepino que teria que resolver assim que chegasse ao apartamento. Felizmente, lembrei da imobiliária que cuida dos negócios da minha tia lá. Fui até o lugar e perguntei se poderiam fazer um favor e ligar para avisar minha mãe que eu estava viva e em Floripa.
Foi uma conversa extremamente breve com minha mãe. Ela falou que viu meu celular e o enviou em seguida, por sedex para a portaria. Deveria estar chegando às dez horas do dia seguinte. Santa mãezinha que tenho!
O jeito era ir pra casa, avisar os porteiros e se virar sem comunicação, sem rádio e o pior: sem despertador.
Achei um relógio antigo, de dar corda, lá guardado. Estava com alguns ponteiros soltos e alguns botões emperrados. Consegui reviver seus ponteiros, mas foi uma ideia falida tentar desemperrar seu botão de corda para o despertador. É, melhor esquecer o nono e partir para outra ideia.
Consegui programar a velha televisão para ligar no dia seguinte, no horário que eu queria. Fiz o teste e funcionou, agora era só cuidar para acordar com o barulho.
Sempre tive o sono leve, mas mesmo assim dormi mal, na tensão de não perder o horário. Mas acordei na hora prevista, embora não sem os ombros me matando.
Não bastasse esquecer o celular em casa, também esqueci de anotar o endereço do Centro de Eventos. Como os estudantes tiraram de dentro da UFSC, ia depender de ônibus também para isso. Fui até um centro de informações da universidade, anotei qual ônibus pegar e fui ao bendito congresso.
Queimando horário, a minha sorte foi que os estudantes organizadores estavam mais atrasados que eu. Deu tempo de encontrar dois amigos, que também foram por conta própria e fazer credenciamento com calma.
Após as palestras da manhã, fomos em busca de um restaurante que não cobrasse R$20,00 por bifê livre, como estava cobrando o estabelecimento que funcionava dentro do centro de eventos.
Uma coisa que me encomoda quando vou sair da minha cidade é encontrar um conterrâneo a cada esquina do meu destino. Em Floripa não foi diferente, mas não me irritei muito com isso.
Achamos um restaurante que era uma relojoaria, no andar de baixo, e que tinha uma escada de madeira velha e que rangia a cada passo que dávamos. Ficava bem no centro e, apesar de pequeno e com uma estrutura que dava um pouco de medo, comemos bem, num bifê a quilo, o qual paguei R$3,10 em meu prato de arroz e carne.
Voltamos, uma hora depois, ao congresso a pé. Estava um sol castigante e agradeci, em pensamento, a mim mesma por ter ido de all star.
No fim do primeiro dia, já sentia meu traseiro começar a tomar a forma da cadeira a qual estava sentada, mas valeu a pena, por cada palestra que assisti. Meus amigos foram embora um pouco mais cedo que eu, mas também não quis ficar até o fim das palestras. O calor tinha me feito mal e eu já começava a cochilar na cadeira, sonhando com um bom banho de água gelada. Só esperei o último carimbo do dia para o crachá e fui para o terminal.
Voltei para casa num ônibus pinga-pinga, que deve ter parado em todos os pontos da Avenida Beira Mar Norte até a Cidade Universitária, levando quase o dobro do tempo normal, em função do trânsito das 20h de uma sexta-feira, véspera de feriado.
Chegando ao condomínio, peguei o celular e fui correndo para casa. Depois de ter ligado para meus pais, para falar com mais calma, pude tomar minha já sonhada ducha e comer algo. Com o estômago satisfeito com a primeira refeição decente do dia, caí na cama, não sem antes matar a saudade de um pouco de sociabilização, aproveitando a internete quase que de graça no celular.
O tempo que levei no dia anterior para acordar, tomar café, ir na ufsc me informar e pegar o ônibus, eu levei para acordar no segundo dia e tomar café. Tudo bem que tinha dormido ainda pior do que na noite anterior e a insônia já começava a me fazer companhia, mas, malgrado a adrenalina ter me faltado no segundo dia, consegui chegar relativamente pontual ao congresso, apesar de ter pego o ônibus errado e ter passeado por toda a cidade nele.
Para variar, o congresso também estava atrasado, assim como meus dois colegas, que perderam a hora de dormir e também a de acordar.
Na hora do almoço, como um um dos meus amigos havia se tatuado ontem, preferia passar fome a ter que achar um lugar barato para comer, no calor e no movimento do mercado popular. Acabamos comendo na lanchonete do centro de eventos, pagando mais caro, infelizmente.
Voltando às palestras, parece que um dos palestrantes da parte da manhã foi almoçar junto com o primeiro palestrante da tarde e, na empolgação de estar na ilha da magia e no sabor do vinho, acabaram exagerando na dose. Fim das contas: um palestrante com a lingua enrolada, pulando do palco ao chão, falando de sua vida e tentando chegar no assunto, quando já faltava 5 minutos para esgotar o seu tempo. Bom, ainda não sei o que mudou com a nova lei do divórcio, mas demos boas risadas e ouvimos a importância do amor, além de descobrirmos que o sujeito já tinha encontrado outros palestrantes do dia, num show do Guns’n’Roses, e que ele cantava muito bem a música Now or Never, na versão do Elvis Presley.
 
O segundo dia estava quase acabando. Eu não aguentava mais aquelas músicas do Vangelis, entre uma palestra e outra. Saí às 17h, depois de convencer os acadêmicos do DCE que levaria cerca de mais uma hora, entre sair dali e levar minha bagagem para a rodoviária. Peguei meu certificado, depois de algumas furtividades necessárias, para que quebrassem o protocolo de só entregar depois das 20h. Peguei outro ônibus e fui para casa.
Mas, como não podia faltar a essa atrapalhada viagem, desci no ponto errado. Como dizia o Duca Leindecker, “parando, às vezes se aprende o quanto se pode andar”. E como andei. Vinte minutos, passando por cinco benditas paradas e sequer um mísero ônibus apareceu. O all star não me abandonou nessa caminhada, embora meus pés começassem a reclamar.
Atrasei mais do que devia em casa, acabei perdendo outro ônibus e, como já faltava meia hora para a hora do meu ônibus sair, tive que pegar um táxi. E que táxi dolorido para meu bolso! enquanto eu pagava R$2,95 no ônibus, tive que desembolsar R$15,20 na corrida até a Rodoviária. Floripa é uma cidade linda para se passear, mas terrivelmente cara para se morar.

domingo, 10 de outubro de 2010

Helloween antecipado

Ontem, fizemos um churrasco para comemorar o aniversário de um amigo nosso, no barzinho Pixa Fora, no Morro dos Conventos. O lugar é muito bacana. Cheio de discos de bandas de heavy metal pendurados nas paredes, com luzes fracas e alguns sofás e bancos para todos poderem se sentar. É uma mistura de garagem para ensaios com boteco. Pena ter ido poucos dos que foram convidados, mas foi legal. Embora eu ache que o repertório precise ser um pouco menos depressivo que Creed e Reação em Cadeia, estava um clima muito legal.
Começaram lá por umas sete da noite, mas, como eu e a Jaque trabalhávamos, só chegamos às dez horas. O Andrei tinha um compromisso, então só chegou mais tarde. Mas o Pinxa não foi o melhor da noite.
Soubemos de uma festa de aniversário de duas meninas, que decidiram chamar três bandas para tocar no parque do Lago Dourado, cobrar cinco reais à entrada e pedir que todos fossem fantasiados e levassem as bebidas. Como o Andrei não tinha dado sinal de vida o dia todo, fomos as duas na loja de fantasias e compramos óculos e chapéus, para complementar com o que tivéssemos em casa.
Ficamos por volta de uma hora no aniversário e, como sabíamos que começaria cedo e a turma não quis ir junto, voltamos à cidade para que o Andrei trocasse de roupa e pegássemos mais algumas coisas na casa da Jaque. Já era quase uma da manhã quando chegamos no nosso destino principal.
Quase passei direto na hora de encontrar a entrada. Naquele silêncio e naquela escuridão, estava me sentindo dentro de um filme de terror, não fosse pelas músicas animadas do David Bowie, no som do carro.
Pagamos, entramos, sem bem saber aonde aquela estrada ia dar (o zelador falou apenas para seguir a luz daquele poste distante). Quando a estrada ia se bifurcar, encontramos a dita festa. No meio dos eucaliptos e bem em frente à lagoa, ficava um pequeno abrigo, perfeito para fazer churrascos. Lá já estavam umas trinta pessoas e a primeira banda estava terminando de tocar. Como ela era a Quase Dama e Vagabundos, foi muito boa.
Não sei se foi o fato de nós três chegamos todos de preto e eu estar muito chamativa pelos óculos vermelhos, mas todo mundo ficou nos olhando quando chegamos. Como eu não estava enxergando muito bem com aquelas lentes, não me interessei muito por isso e procurei curtir o bom e velho rock'n'roll.
Havia umas fantasias muito criativas, como a do Cavera, que foi de índio norte-americano, com sua longa trança loira e sua veste branca de algodão, cheio de trabalhados. A do Pedrão também (ele foi de terno de risca de giz e colocou uma cartola e chegou fumando um charuto, parecendo o legítimo gagster). Tinha um cara vestido e maquiado como Besourosuco (do filme BeetleJuice), que ficou incrivelmente parecido e original.
Alguns vampirinhos, uma freira e uma diabinha, como não podiam faltar. Também o guitarrista da segunda banda foi engraçado. Não sei ele fez propositalmente ou quis tentar parecer emo, mas aquela calça vermelha e aquela camiseta verde-grama gola V o transformaram no perfeito Salsicha (do desenho animado Scooby-Doo).
Para quem decidiu ir de última hora, a jaqueta de couro e os óculos escuros caíram bem aos Motoqueiros Eliseu e Andrei. Uma diferença curiosa entre os dois estava nos óculos: um era a reencarnação de Elvis Presley e o outro, era um motoqueiro que esqueceu de trazer sua Harley-Davidson.
Como não queria perder o clima de Bruxa de Blair hippie, fique a noite toda com os óculos, então não reparei muito nas fantasias dos outros. Quem me visse dançando, garantiria que eu estava muito chapada. Apelidos não faltaram, como Rita Lee e Ozzy Osbourne. Bacana era jogar feitiços em quem me amolasse.
Em seguida, veio a Alcolroll. Não sei se foi pelo personagem que estava ultrajando, mas o vocalista estava muito chato [e bêbado], parando para recitar poemas, dizendo que estava muito EMOcionado, enfim. Ainda me pergunto porque não afoguei ele no lago ao lado.
A primeira parte do repertório deles não me agradou muito, então, como a Jaque estava ocupada com um escocês com bandeira própria e cara pintada (que eu achei que fosse o Homem das Cavernas ou o Capitão Caverna, num primeiro momento), fomos eu e o Andrei para o carro, voltar a ouvir David Bowie. Por mais adolescente que parecesse, foi divertido.
Ficamos por lá por estar frio e eu não ter trazido jaqueta. O Andrei estava aquecido com a jaqueta de couro e a Jaque eu nem preciso comentar. Como começou a chover e já eram três da madrugada, fui chamar a Jaque para irmos embora. Conhecendo aquela Lagoa da Serra como eu bem conheço, sabia o estrago que aquela estrada de chão lamassenta poderia causar. Todos a bordo, voltamos para o centro, sem ouvir a terceira banda.
Passamos num carrinho e cachorro quente e comemos no carro. Comida pesada, mas o remédio para má digestão resolveu meu sono depois. Todos entregues. Guardei o carro na garagem e fui para casa. Essa foi a primeira noite que peguei o carro para sair, então já dá para imaginar o coração disparado e o medo de cometer falhas. Mas deu tudo certo. Tão certo que não consegui dormir depois, ainda no clima de preocupação. Mas tudo bem, apesar de não ter acontecido muitas coisas, foi uma noite muito boa.

domingo, 19 de setembro de 2010

A bendita questão de tempo


Com a mudança na rotina e o novo emprego, uma velha picuinha minha voltou a assolar minha já não muito organizada vida: o dilema entre mim e os horários.
Não posso dizer que isso está desagradando os novos patrões (até porque, além de serem meus parentes, conseguem chegar mais tarde que eu), mas isso já está me incomodando há muito tempo. Afinal, não é nada legal deixar os outros esperando de 5 a 20 minutos, enquanto a noiva termina de se arrumar ou de se despedir de alguém no MSN. Não mesmo, mudar é uma questão de honra.
O problema é que não sinto dificuldade em lidar com despertadores e lembretes. Pelo contrário, como insône de carteirinha que sempre fui, ao primeiro bipe do celular já estou com a mente pronta para começar qualquer atividade.
A tarefa mais árdua que tenho é conseguir me alongar, trocar as roupas, comer e tomar café com velocidade de movimentos maior do que 5 movs/min. Sem contar as filosofias que minha mente começa a elaborar quando acorda, naquele estado de inércia que um corpo franzino e preguiçoso fica, como se o tivessem colocado levantado, embora ele continuasse dormindo. Haja Copernicos para tantas teorias e pouca praticidade.
Já sei. Criarei um sistema revolucionário anti-dormentes: pegarei o despertador antigo da minha avó (aqueles de dar corda), amarrarei em sua sineta uma cordinha que também se amarrará a uma roldana, a qual será amarrada a uma xícara com um pouquinho de água. Com o movimento da sineta do despertador, irei acordar no susto, ficarei estressada, pularei da cama e farei tudo em menos de 5 minutos, pois além da minha rotina habitual, terei ainda que colocar o colchão para secar.
Brincadeiras à parte, ainda não sei como me auto-organizar para dar conta da rotina sem perder tanto tempo. Que tal tu comentares neste post, dando-me algumas dicas?

terça-feira, 14 de setembro de 2010

"Escolha uma estrada e não olhe pra trás"

Estou exausta, mas não pude deixar de passar aqui para contar. Estou um pouco fora do ar ainda, mas, pelo que eu ouvi e vi nesta semana, um pedaço dos meus dezoito anos de existência foi vendido. Quero ver onde vou me refugiar para fugir do barulho do calçadão, em semanas de prova. Resumindo, a loja onde eu trabalho foi vendida.
Não estou triste, pelo contrário. É uma sensação maravilhosa saber que não vou mais precisar lidar com as intempéries de humor da clientela feminina e nem precisar sorrir e ainda agradecer pelos sapos que engulia. Não, eu não tenho vocação (apesar do poço de paciência) para a arte do [psico]atendimento.
Mas tudo bem. Não caiu a ficha ainda que tudo isso está acontecendo, mas eu me adapto, tenho muito caminho pra criar ainda.

Não sei, mas o terceiro tempo dessa música do Dvořák [lê-se /divórjac/ e vide a partir de 1:27] é a que mais explica esse meu clima de despedida com essa parte da minha vida que se encerra, para dar início a outra.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Domingo: três breves motivos para relaxar

Meu fim de semana foi mais marcado pelas sensações do que pelas atitudes. Mas valeu, como uma ode à mudança de hábitos.
Primeiro, porque pedalar ouvindo David Bowie, num tempo agradável e com um sol tímido de Domingo é um dos melhores alentos ao estresse do 'é dia de feira [...], não importa a feira'. Sim, ter tempo para si, para observar os passarinhos voando ao teu lado, para se exercitar e aproveitar o dia lindo que se vê lá fora. Simplesmente, não tem preço.
Segundo, não se contentar e, outrossim, aproveitar para dar um banho naquele encardido e pulguento que chamo de cachorro, ao mesmo tempo em que ele suja as patas de lodo e se esparrama na calçada de piso branquinho, é algo que até dá vontade de chorar (em outros dias), mas me satisfiz em apenas me molhar e me sujar de lodo junto com ele (e sim, fui eu que limpei a calçada depois).
Terceiro, com o cachorro deitado ao lado da minha cadeira, e eu esparramada nesta - como que estendidos para secar -, observando o céu azul e limpo, com direito a uma asadelta motorizada (que eu não consigo lembrar o nome específico para isso) voando sobre nossas cabeças, fez-me não pensar nos quatro livros de Direito que deixei em casa, para estudar, e também em devanear maneiras de conseguir o telefone da empresa que comercializa o voo livre no Morro dos Conventos.

Apatia

Passando por aqui apenas para dar uma arejada. Estudar é envolvente, mas fazer isso durante o dia todo me causa apatia. Passei por várias pessoas na rua agora e só conseguia olhar para frente. Foco autista, eu diria. Mas vai passar. Queria dar continuidade ao projeto do blog 'citações de congresso', mas o tempo está cada vez mais curto. Mais tarde eu volto a escrever, para contar do final de semana

sábado, 21 de agosto de 2010

Chiados na mente

Não sei se é da rotina ou se da falta de prática, mas a impressão que tenho às vezes é que meus neurônios estão enferrujando. Parece que alguém colocou um pano preto e vendou o que aquela televisão, lá no fundo da minha mente, queria mostrar. Ela está mostrando, mas parece que perdi meus óculos ou, simplesmente, não estou conseguindo entender sua mensagem.
Resumindo a metáfora, não estou conseguindo produzir nada que não seja do conteúdo de conteúdo relacionado à faculdade. Pode ser uma questão de foco, é verdade, mas isso é frustrante.
Estou o dia todo tentando pensar no que escrever de mensagem para um amigo que está de aniversário e, simplesmente, não me vêm absolutamente nada conexo à cabeça. Será que é típico da rotina mesmo? Ouvi uma vez que rotina embrutece, embota o sentimento. Eu espero que não por muito tempo

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Minha família foi viajar hoje e fiquei sozinha, cuidando da casa. Tudo bem, não tenho medo do escuro, o bicho Papão tem muitas criancinhas para atazanar, o homem do saco anda muito ocupado; enfim, consegui convencer minha mãe que sei me virar.
Tudo foi friamente calculado: café instantâneo, brioches suficientes para o tempo em que eles ficarem fora, bastante água e leite estocada e o pote de achocolatado, para casos de emergência.
Levantei, fui trabalhar e almocei fora. Voltando pra casa, como abrira um lindo sol lá fora, aproveitei para abrir todas as portas e janelas. Tocar piano com um ar fresco na casa e sem aquele barulho irritante da TV falando sozinha era realmente algo ímpar.
Voltar a trabalhar, lanchar, ser lograda pela dona da lanchonete - com sotaque do oestE catarinsensE –, enfim, nada de muito anormal.
A situação inusitada aconteceu depois das seis horas, quando voltei para casa e percebi que tinha esquecido a casa toda aberta, com um adendo um pouco desagradável.
Quando fui fechar a porta da área de serviço, percebi um vulto passar por mim e cair bem no degrau a minha frente. Folhas secas em pleno Agosto? carrascos escalando apartamentos? como assim?
Chegando mais perto, aquela coisinha de aproximadamente 10cm de comprimento, da cabeça ao rabo, parecia ser um carrasco e eu já começava a pensar em como enxotá-lo dali para longe de casa, sem que ele desse aqueles pulos grotescos.
Tentando chegar mais perto, percebi que o tal tinha focinho e um rabo. Senti meu coração subir na garganta na hora. O que parecia ser um inofensivo e gosmento carrasco, era, na verdade, um morceguinho peludo e estressado.
Um súbito pânico me veio, não pela feiura da perdida criatura (sim, ele é mais bonito quando visto na claridade e transmitido na televisão). Eu só pensava “Ele não é carnívoro, mas transmite raiva”.
Já havia entrado um maior dentro do apartamento, dez anos antes. Não me perguntem como, mas ele estava pendurado no teto da sala. Não em lâmpadas ou quadros, mas pendurado na própria parede, dormindo, envolto de suas negras asas.
Como estava sozinha e não tinha a menor ideia do que fazer com aquela coisa esparramada no degrau da área, liguei para minha vó e esta me recomendou apagar as luzes e deixar as portas abertas.
Já tinha feito isso, menos mal. Ao colocar o telefone no gancho, fui tentar olhar mais de perto, passado o medo do desconhecido.
Mas que inocência a minha. Ao me aproximar, o bichinho, com seu sonar infalível, mexeu uma das orelhas e se jogou como pode para mais longe de mim, sumindo no obscuro cômodo.
Minhas tartarugas, que também estavam lá e com essa agitação já tinham acordado, pressintiram o vulto e ficaram mais juntas, num canto de difícil acesso do aquário.
Fui para a vó com o coração na mão, pensando nas minhas cascudas, sozinhas com aquele estranho. Tudo bem que ele não ataca em solo, ainda mais estressado como estava. Mas sempre há o perigo.
Voltando uma hora depois, a primeira coisa que fiz foi acender a luz e tirar minhas pescoçudas de lá. O morcego continuava escondido entre as sombras, mas eu é que não ia perturbar a paz do bichinho.
Com as tartarugas a salvo, pude tomar banho e comer em paz. Na cozinha foi outra guerra: esconder as coisas da mesa das formigas que começavam a chegar. Aqui para as dondocas! ninguém chega perto dos meus brioches!
Como esquecera de comprar pão, o jeito foi me contentar em comer granola com leite aguado (que ainda os fabricantes têm a audácia de chamar de desnatado). Tudo bem, já foi pior.
Passado o susto, a fome e ansiedade em contar do meu colega peludo, preciso sair e aproveitar para organizar umas coisas no quarto. O silêncio está inacreditável na casa. Vou depois passar perto de onde o morcego está. Não tenho medo do escuro, mas só hoje vou acender as luzes por onde eu passar.

domingo, 18 de julho de 2010

Show do Pouca Vogal 2

Como o post ficou muito grande, preferi criar um novo, para publicar algumas fotos deles. Sei que a maioria que vai ler aqui já viu as fotos no meu orkut, mas é sempre bom ilustrar uma história, principalmente quando ela é grande.



Gostou desse e do post anterior? comenta :)

Show do Pouca Vogal

Depois de tanto tempo sem postar, resolvi registrar a divertida noite de ontem, quando fomos ao show do Pouca Vogal, banda formada pelo Duca Leindecker (Cidadão Quem) e pelo Humberto Gessinger (Engenheiros do Hawaii). Era um ritmo mais semelhante aos primeiros álbuns do Cidadão Quem, então já sabíamos que ia ser mais leve, inclusive nem fomos com grandes expectativas, o que valeu a pena. Mas vamos ao que interessa.
O show deveria começar às 23h, mas, em razão da chuva e do medo de pegar trânsito no caminho, combinamos de sair mais cedo; por isso, eram quinze para as onze quando saímos daqui, encarando uma pista deserta, com sinalização deficiente, nebulosidade. sem iluminação em grande parte do trajeto, com matagais altos, próximos ao acostamento (o que nos fez pensar que destes sairiam zumbis a nos perseguir a qualquer momento). Com toda essa atmosfera, não seria difícil parar para escrever um conto de terror, não fosse o Diogo ter colocado Chrome Division pra tocar no som do carro.
Chovia tanto que houve um momento em que, passando um carro em grande velocidade, pela pista contrária, a água veio com tanta força no parabrisa do nosso carro, que parecia como em um filme em 3D. Eu realmente achei que ia ficar ensopada com aquele ‘banho’.
Lá chegando, a quantidade de carros até nos surpreendeu (haja vista os comentários do show anterior, em que disseram não ter ido muita gente). Mas, ao entrarmos, percebemos que havia mais carros do que pessoas; aliás, mais carros do que casais.
A banda que abriu foi a 9 de Espadas, banda gaúcha, que está seguindo em turnê com o Pouca Vogal. Começaram bem, com músicas em ritmo de balada, com leve sombra de pop rock em alguns versos. As letras eram bastante melosas, com rimas não muito originais, com conteúdo amoroso e também “cornoroso”, como a grande maioria das bandas desse estilo. Ao ouvir a primeira música, era o mesmo que sintetizar todas as outras. O vocalista agradeceu pelo menos umas cinco vezes, dizendo que era muito bom estar lá e que ficava muito feliz com o apoio que o público estava dando para eles. Não demorou muito para que batêssemos palmas não por gostar, mas para ver se eles iam embora do palco logo.
Em razão da banda de abertura e da principal possuírem um estilo mais leve, não foi muito agradável ir solteira para o meio da multidão. Ao nosso redor, havia pelo menos cinco casais, cercando-nos com seus abraçozinhos grudentos e seus olhares demorados. Não posso dizer que senti inveja, mas aquilo estava me deixando angustiada.
Parecia não acabar mais. Se antes de iniciar as bandas, quase morremos de tédio (pela demora para começarem e por deixarem um mísero CD com aproximadamente 12 músicas, tocar das 23h à 1h30min), agora, a tortura era ao vivo, refletida numa banda que parecia ter um repertório infinito e o pior: previsível.
Finalmente, lá por umas duas horas da madrugada, os grudes ao nosso redor começaram a se dispersar, após a banda tocar sua saideira. Graças aos céus que ninguém pediu bis.
Outro CD foi deixado rolar, mantendo o clima “o cornor está no ar”, mas com a atenuante de deixarem tocar Nazi e Ira. Ah, que saudade da turma do verão!
Quando era passado um pouco mais das duas horas e meia da manhã, o Duca Leindecker finalmente apareceu, vestido com uma jaqueta de camurça básica e uma calça vermelha, seguido do Humberto Gessinger, com suas clássicas madeixas loiras, sua encharpe preta e uma caneca do pouca vogal, a qual ficamos tentando imaginar o que teria dentro, já que ele tomava com tanto gosto.
A ordem das músicas não foi diferente do que se esperava: Pouca Vogal, Cidadão Quem e Engenheiro do Hawaii. Começando com Depois da Curva, foi aquela hora em que a maioria disfarça, quem tem namorado(a) se abraça, meche o quadril pra lá, cabeça pra cá, mas poucos se arriscam a cantar. Poderia contar nos dedos da mão quem estava cantando junto e conhecia, de fato, letras do Pouca Vogal. Modéstia parte, mas eu estava entre esta minoria, haha.
Em seguida, tocaram uma popular do Engenheiros, o que fez todos se animarem e cantarem juntos, berrando, batendo fotos, dançando, enfim. Não vou citar títulos, um a um, porque, embora não tenha bebido, minha memória não anda das melhores e até acho que perderia a graça para quem ainda pretende ir a um show deles.
Após essa, o Gessinger comentou algo parecido com: “Ah, quando é do Engenheiros ou do Cidadão vocês sabem, né?”. Eu senti vergonha pelo público, mas ri muito com isso.
O Luciano Leindecker apareceu também, tocando o que parecia ser um baixo gigante, com som bastante parecido com o do violoncelo e uma espécie de bandolim do velho-oeste norte-americano, acompanhando em músicas do Cidadão Quem e do Pouca Vogal.
Ao contrário dos comentários que já havia ouvido falar sobre o carisma de Humberto Gessinger para com o público, esse se mostrou bastante bem humorado, fazendo piadinha com a classificação do time do Duca (acho que era o Inter), na Libertadores, e pareceu se divertir bastante, quando a platéia começou a cantar “Tigre, Tigre” e a mostrarem uma camiseta do Grêmio.
Passou um tempo em que eles tocaram apenas músicas do Cidadão e do Engenheiros (devido o fato de o repertório próprio da Pouca Vogal, ser ainda bastante pequeno), o que ajudou a animar o público. O Gessinger tocou várias no piano digital e até compôs acompanhamentos um pouco diferentes nas músicas do Cidadão, o que de longe desagradou aos mais agudos fãs.
Na saideira, tocaram a música de mesmo nome do projeto. Agradeceram muito a presença de todos e desceram. Pedimos mais e eles voltaram, fazendo um pot-pourri de uma música do Pouca vogal e dois versos de uma música de cada banda, baixando a tonalidade de uma música do Cidadão, a fim de ficar na mesma do Engenheiros e da Pouca Vogal. Ficou muito bacana.
Como o Diogo comentou depois, em quesito qualidade, ficou impecável. Eles souberam usar o talento que ambos têm para fazer dedilhados, melhorando as músicas das bandas anteriores e provando que ainda têm muito a oferecer de material de qualidade. Não é um Rock’n’roll, é verdade, mas um conteúdo que não se pode nem sonhar em jogar fora.
Comprei um CD deles, já no início do show, a fim de não pegar filas. As músicas já estavam disponíveis no site oficial, mas seria uma grande injustiça não dar valor a um trabalho tão bem composto.
Terminado o show, voltamos para Araranguá, comendo ovinhos de chocolate que a Jaque trouxera e com o Diogo dirigindo, durante boa parte do caminho, quase cego pelo farol alto do infeliz motorista que nos seguia.
Aproveitei a ocasião para estrear o cachecol vermelho que minha mãe tinha terminado pra mim. Com o sobretudo preto, parecia saída de um seriado nova-iorquino. Felizmente, minha ‘extravagância’ foi ofuscada pela saia curta e xadrez de uma menina de cabelos vermelhos que lá estava. corajosamente vestida, naquela típica noite chuvosa do mais típico ainda inverno de Julho.
Houveram outras figuras que ‘competiram’ conosco, como a guria com a cabeça raspada e maquiagem pesada, o guri com penteado de Justin Bieber e outra ainda, com óculos escuros, estilo anos oitentas e calças verde-bandeira (sabe como é, naquele sol escaldante das 2h, pra não dizer que a menina parecia ser nova demais para esconder que usa drogas, não tem colírio e usa óculos escuros).
Enfim, valeu a pena esperar três horas e meia para ver dois caras tocarem um som muito bem feito. Como o Gessinger falou, são a “menor banda de rock gaúcho”. Cuidaram com os efeitos, souberam usar os pedais e os playback dos instrumentos de acompanhamento, mantendo uma sincronia muito interessante. De fato, não é um show para se ir sozinho. Não digo pela banda, mas pelo público, claro. De uma forma ou de outra, recomendo a todos que ainda não foram.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Uma cidade quase londrina

O inverno finalmente chegou no litoral catarinense. Mas passou tão depressa o solstício que até levei um susto ontem, quando vi que já começara o mês de julho. A impressão que tive foi que, ao invés de esfriar, esquentou um pouco, de junho para cá. Mas esse não é o ponto curioso que quero contar hoje.
Foi no último sábado que o sol resolveu entrar em greve por aqui. Fui no trapiche da lagoa do sítio dos meus pais e me senti praticamente na travessia do lago para Avalon, tamanho era o silêncio, do ar e das águas, sem nem citar a paz que senti alí. Só faltou a barca, com os remadores e a sacerdotisa Morgana, abrindo caminho entre as brumas, para vir me buscar.
No domingo, o sol reapareceu, todo alegre, como se nada tivesse acontecido. Eu não gosto muito dessa simpatia forçada que ele vende, mas confesso que, depois de uma semana de dias nublados, ele foi a estrela mais desejada para mim naquele dia.
Mas foi na terça-feira que ele resolveu ficar ainda mais tímido. Não choveu mais, mas a umidade estava bastante alta e, com o tempo frio, é natural que se forme a cerração (adivinhando dia quente, como dizem os mais antigos). O problema é que ela já anda tão espessa, que duvido que a visibilidade passe de um quilômetro. Minha carteira de motorista chegou na quinta-feira passada, mas não me arrisco a dirigir à noite com o tempo nesse estado.
O jeito é aproveitar o momento que esse tempo agradável (pelo menos para as minhas narinas) proporciona. O problema é passar o dia limpando o óculos, achando que estão sujos, já que o sol só aparece do meio-dia às três da tarde, preguiçoso e ainda envolto do ar quase místico da neblina. É verdade que tal prazer não poderia vir de graça, mas, ainda sim, foi bem-vindo.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Piano duplo

Eu pensei em falar sobre como foi meu dia, mas isso já está se tornando monótono demais. Então vim para falar de algo que eu realmente nunca tinha visto e que, pelo visto é relativamente inédito no país: o piano duplo.
Uma inteligente simplificação, que permite a dois pianistas assentarem-se em frente um do outro, a uma distância de 2m a 3m, dispondo cada um do seu teclado, das suas cordas e dos seus martelos, e partilhando somente o tampo em comum, que, por uma questão de acústica, é o mesmo para os dois maquinários.
É bastante comum se encontrar músicas compostas para dois pianos e, seja pelo espaço que ocupam, seja pelo problema de sempre cada tampo das caldas ficarem viradas para um lado diferente, o som sempre era prejudicado. Foi daí que surgiu a idéia de Gustavo Lyon, então diretor da Pleyel, no século XIX, unir dois pianos a um tampo só.


Uma peculiaridade que surgiu com o piano duplo: tocando-se uma nota ou acorde num dos teclados, as vibrações repercutem-se nas cordas do segundo, podendo o pianista deste abafar o som, através dos pedais.
Apesar da praticidade que trouxe aos concertos, o piano duplo não se popularizou, em razão do tamanho e do preço. Pelo fato de ter dois maquinários de pianos de calda, o preço duplica. Indagando minha professora sobre o incomum instrumento, ela comentou que, nos seus tempos de conservatório, eles tinham um e costumavam tocar. Não havia muitas diferenças em relação a dois pianos separados. Mas, na partitura, exigia o dobro de atenção do que se fosse uma música a quatro mãos (típica para duas pessoas tocarem num piano só), pois os dois pianos nunca tocavam a mesma melodia, sendo, geralmente, um em seguida do outro, como se fosse uma conversa de dois namorados, numa mesa de jantar.
No Brasil, somente neste ano chegou à capital. Ele precisou de três anos para ser construído. Na oficina que mantém o Museu Casa do Piano - uma coleção de 52 pianos -, o afinador Rogério Resende planejou e executou o sonho de construir dois pianos em um único corpo. A caixa de 3,23m de comprimento abriga dois pianos de cauda de marca Essenfelder, recuperados na oficina do afinador. Resende investiu na experiência depois de deitar os olhos sobre a foto de instrumento semelhante idealizado por Lyon. Não diferente do resto do mundo, o tamanho e custo excessivo inviabilizaram o sucesso do piano duplo, que acabou restrito a poucos exemplares nas terras canarinhas.
No dia 19 de março, foi realizado, em Brasília, um recital de estreia do instrumento. Subiram ao palco as pianistas Neusa França e Maria Emília Osório, no auditório da Casa Thomas Jefferson.
Elas prepararam um repertóriovariado com música popular e erudita. "Quisemos agradar gregos e troianos", avisa Maria Emília. Músicas escritas para dois pianos é algo bastante comum na história do instrumento. Transcrever repertório sinfônico para dois teclados era uma forma de possibilitar a execução das peças com frequência quando as orquestras não estavam disponíveis. "O piano é o único instrumento que pode reproduzir a orquestra", avisa Maria Emília. "Todas as sinfonias dos grandes compositores foram transcritas para dois pianos porque se dispunha de poucas orquestras e, para que sua música passasse à posteridade, os músicos não podiam depender das poucas orquestras", explica o pianista Dib Franciss, que ajudou a dupla a montar o repertório.

A primeira parte do recital trouxe Jesus alegria dos homens, de Bach, com arranjo do próprio compositor e Fantasia em dó menor, de Mozart, cuja transcrição para o segundo piano leva a assinatura do norueguês Edward Grieg. A partitura original de Mozart é preservada e tocada por um dos pianos, enquanto o outro executa a criação de Grieg com uma leitura mais harmônica que dá novas sonoridades para a peça sem comprometer a espinha do classicismo do compositor.
De Mozart, a dupla também toca o samba alla turca [também conhecido como Marcha Turca], criação do norte-americano J. P. Buttall para um dos maiores sucessos do austríaco. Já a Dança Slava tem as partituras dos dois pianos escritas pelo tcheco Antonín Dvořák. Gershwin, Villa-Lobos, Ernesto Nazareth, Claudio Santoro e Leucona também estiveram no programa com arranjos originais. É em Prelúdio e Valsa, de Chopin, que entra a mão de Neusa França como compositora. Para as duas peças, enquanto Maria Emília executa a partitura original em um teclado, Neusa improvisa no outro. "Vou fazendo o que me vem à cabeça", diz a pianista, que assina também a valsa Primeiro beijo e o samba Exaltação a Brasília, criação mais recente feita em homenagem aos 50 anos da capital.
O recital foi gravado e transmitido novamente ontem, pela TV Senado. Foi realmente muito agradável de ouvir. Mas, para deixá-los na curiosidade, vou postar outro vídeo em um piano duplo, que considerei bastante expressivo e interessante.



Fontes: Correio Braziliense
Blog da Guilhermina Suggia

domingo, 13 de junho de 2010

Solteiros no 12 de Junho

Dia doze é um dia muito deprimente para a grande maioria dos solteiros carentes, tão desejosos de uma companhia para compartilhar presentes, beijinhos estalados, cobertas num dia frio ou, simplesmente, andar de mãos dadas pelas ruas. De fato, pensar nisso já dói o coração, por saber o quanto é agradável sentir isso com alguém e não poder vivenciá-lo agora. Mas deixemos os pombinhos e seus momentos fofinhos para outra conversa, pois não quero começar a lembrar de como é bom ter um namorado.
Apesar da sensação térmica de 13 graus na rua, insistiram tanto para que eu fosse ao Central com a turma que não tive coragem de dizer não. Combinamos, como de costume, de chegar às 23h. Acabei me atrasando, mas chegamos mais ou menos na hora marcada.
Pediram a já clássica garrafa de vinho tinto suave de colônia e começaram a beber. Prometi a mim mesma que não beberia tanto dessa vez (e que tremendo porre de guaraná antártica que eu tomei, diga-se de passagem).
Outros amigos foram chegando e, aos poucos, a mesinha redonda ficou pequena para oito pessoas que chegaram a compor o grupo. Era um festival de juntar cadeiras e trazer a cerveja e o copo para a nossa mesa que logo ficou complicado de apoiar os braços sobre ela.
Tivemos a ilustre presença de um amigo que apelidamos de Miguel Falabela (devido a incrível semelhança com o ator). Um sujeito que já tinha muitas histórias para contar, dos seus tempos de guri, punk e revoltado, mas como havia alguém relativamente sóbria no meio, as discussões mudaram bastante as direções.
Movimento emo, falta de idealismo do jovem brasileiro, reflexo na política, comodismo brasileiro, entre outros assuntos que foram bastante acalorados (até ganhei o apelido de Juíza Carmelinha). Divertido foi observar um cara começar uma conversa elogiando Dan Brown e ir parar em Filosofia e em como o incentivo aos esportes é fraco em alguns colégios municipais daqui.
O ambiente estava animado, com a trilha sonora agradável de Metallica e até havia uma bandeira do Brasil, pendurada na frente do palco, já em ritmo de copa. Como não podia faltar, falamos do frango do goleiro inglês, no jogo de hoje à tarde, passeando pelas seleções e cada um tentando apostar em uma seleção a levantar a taça. Tudo bem, é natural de Copa do mundo, mas é difícil para mim aceitar, por exemplo, que um marmanjo de mais de trinta anos de idade comece a falar que torce para Itália e que o Brasil que vá para aquele lugar sujo que o leitor já imaginou… é realmente algo que me incomoda. Não pela exclamação infantil, mas por esse mesmo indivíduo vir, mais tarde, a falar que o país não presta e só tem coisas ruins. Eu estou me segurando para não escrever uma postagem só para argumentar minha indignação, mas um ignorante desse nível não vale tanto.
A área dos fumantes estava bem agitada, com direito a violões e uma nuvem bastante espessa de fumaça de cigarros. Parecia até um desenho animado, em que é possível até abrir a “portinha” da caixa de fumaça que paira no ar. Parecia que era o dia dos cabeludos por lá também. Bem que eu vi que meus olhos estavam tranquilos demais, alheios às lentes de contato bastante ressecantes...
A trilha sonora estava bastante original (embora eu inicialmente tenha achado que fosse um grupo gospel que estivesse cantando, esganiçadamente, embaixo da janela do bar) e algumas garotas pareciam bastante animadas ao cantar.
Conversa vai, cerveja vem. Eu continuava um poço sóbrio, entupido de guaraná, mas me divertindo à beça, assistindo aos meus colegas de mesa se embebedarem. O Falabela estava praticamente trêbado e foi difícil conter o riso, quando ele tentou nos explicar a diferença entre tangerinas e bergamotas, às 2h da manhã, com todo o rigor de um pHD.
Enfim, minha noite foi relativamente curta. Estava cansada, louca para aproveitar o silêncio, sozinha no meu quarto. Na primeira brecha, quando finalmente decidiram ir para a área dos fumantes, após insistentes convites do Rani, surgiu um trabalho que eu precisava fazer hoje e pude ir para casa, sem peso na consciência por deixá-los. O Andrei também me acompanhou; afinal, uma moça não deve sair sozinha a essa hora, certo? Sabe-se lá o que foi fazer de verdade . Mas isso é outra conversa, para o blog dele, é claro.

domingo, 6 de junho de 2010

Festival

Havíamos combinado, na noite anterior, de ir ao Garage Fest (um festival feito por quase os mesmos organizadores do Underground festival). Como a maioria da turma de sexta já tinha compromisso, o grupo se resumiu a mim, a Jaque e os Léos (com os 85% de chance do Léo de Joaçaba comparecer, como ele havia dito).
Já no Sábado, a Jaque me falou de um evento de moto perto da casa dela, que estava acontecendo e a música parecia ser blues. É impressionante como, mesmo gripada e cansada, tudo se torna ótimo de se fazer (ou quase tudo).
Perto da hora, curiosa para ver como era, ela foi ao tal local. Devia ser umas oito da noite. Eu não sabia, depois, se agradecia à curiosidade dela ou se tinha dó pelo salto que ela estava, mas, ao chegar lá, percebeu que o evento já havia acabado e estavam guardando os equipamentos e as máquinas. Paciência, valeu o exercício físico pelo menos.
Pegamos um táxi e fomos ao festival. Chegamos na segunda banda. Era metal core gospel, de Criciúma. Parecia que cada um vivia em uma órbita diferente, com um guitarrista com camisa de flanela, um vocal com cara de emo, um baixista com cara de doze anos, um guitarrista de calça colada e baby look listrada e um baterista que se atrapalhou com os pratos caindo o tempo todo. Mas, apesar do contexto, eles tocaram razoavelmente bem, apesar dos imprevistos e da falta de ajustes na mesa de som.
A terceira banda era de Sombrio. Tocaram bastantes músicas do Black Sabbath e algumas outras clássicas, além de um cover mal feito de You really got me now, do The Kinks, que me deixou bastante irritada, seja pelo guitarrista que enfeitava os solos, mudava drasticamente o tom e se atrapalhava, seja pelo vocalista, que além de desafinado e torto de bêbado, não acertou uma letra do repertório em inglês. Bem, deu para rir pelo menos.
Em seguida, tocaram duas ou três bandas de punk e horror punk que fizeram a maioria preferir ficar na rua, passando frio, a ouvir aqueles covers mal feitos de Misfits. Foi bom, assim podemos nos sentar num banco e discutir como o jovem brasileiro anda sem propósitos para lutar e protestar e o reflexo na música e na política. Conclusões bastante mistas de cada um. Impressionante como ainda se consegue tirar conclusões enquanto sóbrios.
A banda mais esperada na noite foi a Golla Polo, de rock’n’roll. Já havia assistido a outros shows deles e sabia que o vocalista era capaz de tirar de Led Zeppelin a Motörhead sem desafinar e ficar muito parecido com as músicas originais. Os instrumentistas também não deixaram por menos. Faz sentido, pelos anos de estrada que essa banda já tem.
A única coisa que faltou, como a Jaque disse, foi um pouco de humildade por parte da banda. Ao mesmo tempo que eles animavam, o vocal já começou a fumar enquanto cantava e parecia que faltava um pouco de vontade em cantar. Não sei, parecia um “copiar-colar”, o qual eles já usaram tanto que nem percebem mais que estão cantando ou tocando. Tudo bem que algumas pessoas da plateia tiveram sua parcela de culpa, como os gurizotes de 14 ou 15 anos, curvando-se ao vocalista e ao guitarrista, como se fossem deuses do rock (a ponto de chegar a segurar o cigarro do vocalista e pedir autógrafo no final), mas, para tudo, é preciso ter bom senso.
Sim, estou dedicando o terceiro parágrafo para a mesma banda, porque, apesar de tudo o que pré-escrevi, eu pulei e cantei muito com os covers do Metallica e do Matanza. Até aprendi a “bater cabeça” com uns amigos (o que meu pescoço está me castigando amargamente agora).
Por fim, começou a banda de Torres, de heavy metal. Não sei se foi por eles chegarem atrasados e serem os últimos, mas estavam bem dessintonizados com o que estavam fazendo e com a mesa de som. Tudo bem que todos os vocais estavam reclamando do retorno do som no palco, mas os caras perderam tempo demais ajustando o som, o que se tornou irritante. O interessante foi que, quando fomos esperar o Táxi, lá fora, pareceu que o som ficou melhor de se ouvir. Inclusive eles me surpreenderam, tocando Cemetery Gates, do Pantera (banda de trash metal).
Como eram só duas e meia da manhã e estava um frio convidativo para se beber, fomos para o bar, tomar uma garrafa de vinho. Todos estavam de estômago vazio, mas a vontade de se esquentar com essa ‘poética’ bebida era maior do que a consciência das consequências.
Como estávamos em quatro pessoas, o vinho colonial suave caiu bem e não deixou grandes problemas (apesar do mundo começar a girar e ter sido complicado para eu descer aquela escada do bar, mesmo me apoiando no corrimão).
Antes de irmos, entreguei ao Léo 2 o que o convencera a chegar no 100% de chance de ir conosco: o cd de concurso que eu prometera gravar.
Três e meia da madrugada, a Jaque vai para um lado e nós, para outro. Enquanto o Léo 1 ligava para chamar o Táxi para os dois, descobri que eu estava sem chave de casa. Que boa hora para se perceber isso.
Nos despedimos e fiquei esperando meu salvador. Minha sorte foi que meu irmão estava fora de casa e me ‘socorreu’. Mas não houve tempo para esconder minha peripécia em casa, porque meu pai dormia no sofá da sala. Como meu irmão chegou depois, foi ele que levou a culpa, mas depois nos acertamos.
Faltavam vinte minutos para as cinco e eu escrevia em tópicos sobre o que aconteceu, ignorando a falta de equilíbrio e temendo que o efeito do vinho me fizesse esquecer de algum detalhe dessa noite hilária. Dormi, finalmente, feliz e renovada, por tantas coisas surpreendentes e boas numa só noite.

sábado, 5 de junho de 2010

Sexta-feira blues

Fazia tempo que eu não ria tanto como ontem. É bom reunir os amigos no bar, mesmo que só por sentir falta disso, e passar horas discutindo política ou, simplesmente, se perguntando se vai chover ou por onde anda aquele baralho de cartas do Gui... melhor mudar de assunto, hehe.
Apesar do feriado de quinta, a maioria trabalhava na sexta, então deixamos pra sair ontem. Valeu a pena, pois conseguimos reunir quase toda a turma do verão. A Lu e o Mazarra não ficaram muito tempo, mas ainda ficou o Nunes por algum tempo, o Léo 1 e até o Léo 2, que tinha vindo de Joaçaba e nem tinha nos avisado. Definitivamente, o bolso da calça deve usar mais o celular dele do que ele próprio.
A Lis e o Gui também foram e, como também não podia faltar, nosso quarteto quase inseparável de boêmios lá estava: Jaque, Diogo, Andrei e, claro, eu.
Se tinha alguém no grupo que ainda não estava gripado, sem dúvida, pegou o "bichinho" naquela noite. Mas tudo bem, pra tudo há remédio.
Falando em remédio, inventei de tomar meia taça de vinho suave. Riam vocês ou até pasmem, mas cheguei perto de ficar bêbada com essa "exagerada" dose. Pelo menos minha gripe sumiu, aparentemente.
É, para quem estava com duas blusas de lã e um casaco grosso, um vinho com batatas fritas não seria o melhor pedido, mas tudo bem. A gente sua, mas se diverte.
O Léo de Joaçaba deve ter se sentido bem mimado naquela noite, porque todo mundo queria falar com ele, principalmente o Gui, em suas idas e vindas para fumarem seus cigarros. Mas faz sentido a predileção. Devia fazer uns 2 ou 3 meses que o Léo não vinha e, por ter um carisma cativante, é difícil não sentir falta de um amigo assim.
Sim, ontem foi uma sexta-feira blues, seja pela melancolia do rock anos 50 (seguido por Legião Urbana), seja pela pelo vinho, ou, simplesmente, por matar a saudade entre velhos novos amigos.
Hoje vamos num festival de punk e rock daqui. Vou pelo rock e pela companhia, então acho que vai ser divertido e, provavelmente, amanhã estarei trazendo novidades da benfadada (ou não) "jornada".

terça-feira, 25 de maio de 2010

Extraindo um vilão

Amábile abriu os olhos, no seu horário habitual de se levantar todas as manhãs para ir trabalhar. Era uma segunda-feira de inverno. Ao se mexer, para se levantar da cama, uma dor aguda percorreu-lhe a espinha. Antes fosse um punhal que lhe tivessem golpeado o corpo ou qualquer outra forma trágica de Hoffmann ou Poe de se matar alguém. Antes fosse, eu dizia. Pelo menos assim morreria logo e não ficaria tanto tempo sob tortura. Mas o que mais lhe irritava era que toda essa dor incômoda e longe de passar vinha de um dente miserável e tardio. Vinte e três anos na cara, achando que já tinha passado a época de sofrer por perdas de dentes de leite. Mas não, o miserável tinha que chegar mais tarde, com toda a pompa de alguém que chega atrasado e quer pipoca e o melhor lugar no cinema.
Já havia ligado para os cirurgiões dentistas mais consagrados da sua região. Não haverá vagas tão cedo para quem tem plano de saúde. Que maravilha depender de dinheiristas quando tanto se precisa de cuidados especiais de saúde.
Mas não desanimou. Devia haver um mísero que tivesse horário essa semana. E, de fato, achou, mas só para examinar sua boca, na quarta-feira. No estado lastimável em que se sentia, estava disposta a qualquer coisa.
Terça-feira. A dor só parecia piorar. Por mais que sentisse fome, qualquer sombra de movimento dos maxilares já a fazia gemer. E mesmo gemer doía. Melhor ficar quieta, estática e faminta. O coquetel de analgésicos que a farmacêutica lhe indicara até que fazia efeito. Mas sabia que seu estômago não ia agüentar por muito tempo. Por isso, após sair da farmácia, foi ao mercado e comprou flãs, iogurtes, gelatinas e tudo que não precisasse mastigar e enganasse a barriga.
Quarta-feira. O bendito dia! O horário marcado era seis horas e meia. Só tinha que se levantar, enganar outra vez o estômago com coisas pastosas e irritantemente geladas, dopar-se com ene analgésicos e trabalhar até as seis. Como pensar nisso parecia fácil.
Todo o processo de se levantar da cama, sentir a pontada de dor, vestir-se, sofrer amargamente para abrir a boca e fazer o esforço mínimo para engolir a comida, sair naquele vento cortante da rua para o trabalho e ainda passar o dia sofrendo ainda mais por falar, porque seu trabalho exigia que se comunicasse com os clientes. Eram oito horas da manhã e o dia parecia não ter fim.
Mas um dia esse fim tão esperado chega. As dez horas de espera passam e chega a hora de visitar o salvador de seu terrível tormento. Do trabalho, vai direto ao consultório, sem pensar em outra coisa a se fazer. Chega com quinze minutos de antecedência. Seu algoz ainda lhe torturava, mas parecia que todos os seus males se amenizavam dentro daquela sala de espera.
_Você trouxe o raio X que havia feito? – perguntou a secretária, com quem já tinha acertado a consulta, por telefone.
_Sim. Aqui esta – Disse Amábile, controlando sua impaciência ao entregar o envelope branco de radiografia odontológica.
_Um minuto. Vou levar ao doutor e já, já ele a atende. – Disse a secretária, antes de entrar pela porta branca que dava acesso ao cirurgião.
Cinco minutos depois, o doutor aparece. A secretária já havia voltado. Ele solicita que Amábile entre, para examinar sua boa.
_É. Vamos ter que tirar os dois de baixo. Pela radiografia, um está praticamente nascendo deitado. Seu caso é mais delicado. Teremos que abrir um pouco a gengiva.
_Doutor, não agüento mais a dor. Mal consigo comer. Quando podemos marcá-la.
_O mais breve possível. Vou pedir à secretária que ache um horário para você com urgência.
É impressionante como tudo se torna urgente para os médicos quando se trata de uma consulta sem planos de saúde no meio. O único problema é que nossa protagonista, além de já sofrer com seu dente, sofrerá também amargamente no bolso. Mas voltemos à história.
A extração do ciso “deitado” foi marcada para sábado, às duas horas da tarde, a fim de que Amábile não precisasse faltar ao trabalho e pudesse repousar sem mais transtornos. Indagando o médico sobre o que tomar e comer para tentar manter a rotina o mais natural possível, esse recomendou a ela que continuasse tomando o que estava, se estava fazendo efeito, mas reduziu os medicamentos à apenas um analgésico (Amábile estava tomando três qualidades diferentes).
Os dias se arrastavam tão lentamente quanto a demora do analgésico recém receitado para fazer efeito. Havia dias que a dor percorria-lhe a cabeça e mal conseguia movimentar qualquer músculo da face. Dormia com dor, acordava com dor. Só nos sonhos, ainda que interrompidos às vezes pelas pontadas, causadas pelo mal jeito de se deitar, é que ela podia ser livre de tais sofrimentos.
Enfim, chegou o sábado sagrado. Outra vez, só tinha que acordar, conseguir comer, vestir-se, medicar-se, mas com duas vantagens: a de ter aberto um lindo sol na rua e a de ter que trabalhar somente até o meio-dia.
Dessa vez, a manhã não demorou a passar. Outra vez foi penoso comer. Prometeu a si mesma que, depois que tudo aquilo acabasse, tão cedo não colocaria aquelas guloseimas geladas e irritantemente doces na boca. Não podia mais nem sentir o cheiro de flãs, iogurtes e gelatinas. Sentia saudade de um bom prato comida salgada.
Na saleta de cirurgia, o doutor, vendo a agitação e ansiedade de Amábile, resolveu dar uma anestesia geral, visto que a localizada estava penosa de funcionar.
Uma hora depois, acordou-a, com um sorriso frio por trás da máscara e o malquisto dente ao seu lado, já limpo e pronto para ser levado para casa. Apesar de mal sentir qualquer parte da boca e as pernas dormentes ainda, já sentia a sensação de faltar algo no canto da boca. Sabia que a recuperação iria ser tão incômoda quanto à espera pela extração. Mas agora já conseguia sonhar com um prato de massa bem temperado.

domingo, 16 de maio de 2010

Domingo agitado

Não tenho mais postado nada nos dois blogs por falta de tempo para sair e para sentar e organizar o que escrever. Tenho ficado em casa nos últimos três fins de semanas por ene motivos. Estou trabalhando num novo conto, mas como o período de provas na faculdade já começou e passei as últimas semanas estudando para o concurso público que fiz hoje, acho que ele vai o projeto vai ter que entrar para a fila de espera.
Levantar cedo, pegar BR e fazer prova num domingo de manhã não foi tão ruim. O índice de faltosos deve ter ficado na faixa de 20%, seja por ser num domingo de manhã, seja por ser no mesmo dia da prova da CAIXA nacional.
Tinha outras coisas para contar, mas três livros me esperam pra terminar de ler e esqueci boa parte do que tinha para escrever.
Até outra hora!

sábado, 8 de maio de 2010

Primeiro recital

Madrugada de Sexta para Sábado. Eu já devia ter ido dormir, mas ainda estou no pique. O resultado da noite de sexta-feira veio de um ano e quatro meses de trabalho. Valeu a pena, enfim.
O recital foi preparado para homenagear as mães, numa data escolhida cuidadosamente. Procurei chegar mais cedo, porque queria homenagear também à minha mãe de coração, minha professora de piano. Pela alegria sincera nos olhos dela, acho que alcancei meu objetivo.
Era para eu tocar três músicas, as quais eu já conhecia bem, como música de fundo. Ficaram um desastre, porque mal consegui tirar tempo para ensaiar a música principal, quem dirá as acessórias.
As duas músicas a quatro mãos ficaram perfeitas. Eu e a Sara nos saímos bem, com o Paulo no cajón. Nenhum errinho. É uma pena que minha máquina digital não tivesse memória suficiente. Mas deu para bater foto e lembrar o quanto foi divertido.
Fiquei sentada num cantinho, ao lado do palco, para ajudar minha professora a chamar os alunos, enquanto ela preparava os teclados. A disputa entre minha voz o e o microfone (que vivia falhando) foi acirrada. Mas meus dois meses de aula de canto (há 6 anos atrás) não foram em vão, felizmente.
Fui uma das últimas a me apresentar, com um pot-pourri de Sururu na Cidade e Pintinhos no Terreiro, ambas de Zequinha de Abreu. Tinha ficado perfeita no último ensaio, quando o Paulo trouxe o cajón aqui em casa e ensaiamos no piano. Mas o que pesou foi eu ter ficado dois anos sem me apresentar em público. Por mais que fossem apenas pais, avós e garçons, o coração sempre dispara na hora. E se concentrar a ponto de só pensar na música nem sempre é fácil. Mas me esforcei e consegui um resultado razoável para meu primeiro recital de piano.
Aí vai o vídeo. Espero que gostem.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

O perfume de um livro

Está aí uma vantagem de pegar autores desconhecidos ao público acadêmico: os livros, por mais antigos que possam ser, estão, geralmente, mais conservados que os preferidos pelo populacho e sempre se encontra surpresas e particularidades interessantes quando se começa a ler. Não que eu não goste de livros best sellers, mas estou fazendo essa postagem para falar sobre a particularidade de um ilustre desconhecido, aos que gostam de escrever ou simplesmente ler contos.
Mostrando um projeto de conto meu a um amigo, este chamou minha atenção para a deficiência de detalhes aos personagens que crio, o que interfere significantemente na verossimelhança do conto. Indicou-me, então, um autor que sabe como ninguém explorar os detalhes: Fyodor Dostoyevsky
Ao começar a ler, o Eterno Marido dele, percebi que, apesar da edição ter sido publicada em 1984, estava pouco mofado e com um odor singular, que parecia ser um perfume adocicado, e ao mesmo tempo suave, de mulher.
Era tão interessante às narinas aquele perfume, que eu não conseguia parar de ler o livro. É claro que o conteúdo do livro é realmente de muita qualidade e fez jus aos elogios de meu amigo. Realmente, não encontrei qualquer autor com o poder de descrição e que não tenha caído na monotonia como esse russo. Ah, mas aquele perfume.... tinha um ar de "aproxima-te mais". Não era apenas com os olhos que minha curiosidade devorava aquele livro, mas com o nariz e até mesmo com meu estômago, que pedia por mais daquilo que parecia ser uma fruta saborosa e tentadora, percebida pelo odor viciante, quase intoxicante que, só de pensar nele agora, já me faz sentir sua falta, como um entorpecente que te leva, aos poucos, ao paraíso.
Ah, se as editoras soubessem do poder de um perfume para a literatura...

O 'batismo' sobre a motocicleta

Estava eu fazendo uma das intermináveis aulas de direção, no campo destinado à moto-escola, quando meu instrutor pediu para que eu fizesse o oito (duas rótulas seguidas que, ao fazer o contorno de ida e volta, formava o trajeto de um oito).
Tudo bem, era simples. Bastava parar antes de entrar, atrás de uma linha amarela e de uma placa de "Pare", seguir em primeira marcha e passar para a segunda no meio do trajeto.
A primeira vez foi sem mistérios e achei que realmente podia me dar bem com aquela máquina de duas rodas. Completei o trajeto sem problema e segui na pista, saindo do oito, dobrando à direita, seguindo à esquerda, acelerando um pouco na reta, dobrando outra vez na direita, seguindo na reta, dobrando à direita... e é a partir daqui que surge o problema.
Após fazer essa curva, tem-se a possibilidade de seguir reto e dobrar à direita, para recomeça o oito ou dobrar a direita novamente, para seguir reto e seguir paralelamente ao oito.
Como meu instrutor nada falou (já que fala mais ao telefone celular do que com os alunos), segui reto e fui ao recém adorado oito. Como estava em segunda marcha e me aproximava de uma curva, deveria reduzir. Mas não demorei para reduzir e aí que as coisas começaram a complicar para o meu lado.
Como não poderia passar da linha antes de parar completamente, senti saudade da bicicleta, que bastava apertar nos freios do guidom. Mas moto e bicicleta têm poucas coisas em comum, e só lembrei disso depois do acontecido.
Na hora do nervosismo, vale tudo. Apertei buzina, seta, acelerador, embreagem e até o freio trazeiro, mas quando vi já estava no chão com a moto em cima de mim. Só ganhei um roxo no cotovelo e a certeza de que não sirvo pra dirigir um veículo de duas rodas, mas o importante é que sobrevivi (embora tenha agora que repensar no meu sonho de um dia ter minha Harley-davidson)

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Haiah Festival

Sábado fomos a um festival num lugar bem no pé da serra, chamado Poço do Caixão, em Timbé do Sul. Fica bem pertinho dos Canyons e havia uma cachoeira maravilhosa bem do lado do palco. Tirando os mosquitos quase mortos de fome (o que fez com que o repelente se tornasse mais precioso que a cerveja por lá) e o frio típico das noites de outono, foi realmente uma experiência muito bacana.
Marcamos de sair de Araranguá às 13:30, mas como sempre tem um que esquece de trazer o quilo de alimento (definido como obrigatório para cada pessoa) ou alguém inventa de sair para comprar cigarro e cerveja e não volta mais (o que sempre deixa alguns mais preocupados com a integridade líquida da última), acabamos saindo quase 15h. Como aparecera mais gente na hora, separamos a turma em um carro e uma van. Fui com o Di no carro de uma moça muito simpática e que até agora estou tentando lembrar do nome, que tinha um baita bom gosto musical, por sinal (fomos ouvindo Janis Joplim até lá).
A vã foi pela estrada do Meleiro, enquanto fomos pelo Ermo. Eles pegaram mais asfalto, então perderam boa parte da parada pra comprar cerveja, o rally numa zona rural, com direito a pausas para esperar um vira-lata terminar de defecar no meio da estrada e para algumas galinhas se decidirem pra que lado vão ou se continuar tomando sol no meio da passagem.
Chegando no local, pegamos mais uma estrada de chão, mas mais razoável, sem morros e animais indecisos, apenas algumas curvas. O evento aconteceu num parque ecológico, onde se podia acampar nos dois dias de festival - 16 e 17 de Abril - e se sentar em qualquer lugar do chão, curtindo um bom rock, sem brigar com ninguém e sempre com aquela calma e constante música do cair da água.
Foram 18 bandas, sendo que as mais esperadas para o segundo dia eram: Gola Polo, Gangrena Inc., Leopoldo e Valeria, Kiss Cover e Metallica Cover. Duas bandas de amigos nossos tocaram também, a Trio e Capone e a Dinossauros. As três primeiras que eu citei já são tradição em qualidade, então só posso falar das últimas. A do cover do Kiss eu realmente esperava mais. Toda aquela maquiagem e ultraje a rigor revelou apenas uma banda que improvisava na hora dos solos e pareciam ainda um pouco assustados com o palco. Mas não estavam ruins. Com certeza melhor do que uma banda de punk rock, em que o vocalista cantava encurvado, com a guitarra quase no joelho e com uma voz desafinada e sem qualquer noção de métrica. Sem considerar a pinta toda de punk e tocando Green day. Fim da picada.
Mas, críticas à parte, foi muito divertido, estava na companhia de pessoas que sempre me fazem rir muito e que são como uma segunda família para mim.
Ver nossa amiga motorista trêbada e falando pelos quatro cantos era tão impagável como ver a cara que o Diogo ficou depois de urinar de frente para a cachoeira. Parece vulgar falando agora, mas foi realmente engraçado e sem malícia.
Nunca comi tanto misto quente e barra de cereal sabor morango como naquela noite. Se eu tivesse bebido, meu estômago nem perceberia o álcool chegar.
Tocou-se muitos clássicos dos anos 50, então era comum ver o Mazarra dançando, de modo que estou até agora tentando aprender a mexer meus pés daquele jeito, na hora do twist.
Juntar Makeila, Lis e Lu trêbadas e pulando feito molas também foi uma piada. O Nunes e o Léo também não estavam muito sãos, o que fez com que nossa turma dançasse bem mais do que aquele grupo de cabeludos uniformizados de preto e que, muitas vezes, só se mexiam para bater cabeça ou para iniciar uma roda punk.
O Luiz se empolgou na hora de tocar guitarra e se jogou de costas enquanto tocava, o que quase derrubou o cubo e o deu um susto no responsável pela organização no palco.
Ficamos praticamente 12h lá. Eu não podia mais ver barra de cereal na minha frente( até porque o Léo e o Nunes "chupinzaram" duas últimas do estoque da minha bolsa). Algumas coisas me chatearam, mas não fiquei muito tempo preocupada. Não há estresse que sobreviva a um sábado na companhia dos melhores amigos e de um bom e velho rock'n'roll.
Não aconteceram muitos eventos inusitados, mas era como estar em casa lá, com pessoas que não davam a mínima de onde tu vinha ou o que tu poderias oferecer a eles. Estavam todos lá, em paz, com uma única finalidade: ouvir boa música

domingo, 4 de abril de 2010

Pascoaguada

Que trauma a páscoa vir em seguida de uma noitada. Estou olhando para aquele ovo lindo e apetitoso na minha frente. Mas, com o meu estômago berrando desse jeito, o jeito é passar o dia a base de leite e anti-ácidos. Mas vamos à boemia!
Combinamos de ir ao Central, no Sábado, às 23h. Eu sabia que minha turma era pontual, por isso calculei mentalmente quando começar. O problema de planejar isso com o MSN ligado é que não adianta nada prever. Dito e feito, entrou uma pessoa a qual eu passei a semana toda pensando nela e que me fez ficar até faltar dez minutos para minha turma chegar.
Consegui me despedir às pressas e me arrumar. Mas, extamente às 23h01min me liga o Andrei, avisando que já estava esperando. Correria de novo, para colocar duas blusas que me fariam voltar correndo para casa, antes que eu virasse um saquinho de suor e ir novamente ao bar. Mas chega de enrolações de mulherzinha.
Fomos ao Central, bebemos uma rodada, mas ter que ouvir vanerão e “cornarejo” universitário e mal conseguindo conversar não foi muito interessante. Melhor sair daquela bagunça e ir para um posto, comprar bebida e ir para um lugar mais sussegado. E, assim, fizemos.
Devemos ter perdido vinte minutos para escolher as bebidas, porque a simpatia da atendente da loja de conveniência nos tratou feito cães dormindo na calçada da casa dela. Estupidez e mal-comidas à parte, pegamos as bebidas e fomos para uma parte abrigada da rodoviária, já que nossa ideia de ir para a pracinha foi, literalmente, por água abaixo.
Não estava muito disposta a beber naquela noite, por isso só provei uma cerveja diferente que a Jaque comprou, uma tal de NS2. Tinha gosto de menta com álcool, como já dizia no rótulo. Também pagamos o preço equivalente a uma cerveja e dois chicletes, mas tudo bem, ninguém mandou sermos curiosos.
Sentados lá, como já era de se esperar, veio um andarilho pedir uns trocados para ir para Florianópolis. O que nos convenceu foi o fato de ele já ter cachaça na bolsa e ter dito o que todo mundo sempre percebia nos clássicos discurssos do Gui: ele enrolou tanto que esqueceu o que estava falando.
E, graças ao Gui, também tivemos que dar umas moedas pro cara, porque, apesar da figura ser esperta, o Gui inventou de falar por nós. O Léo querendo economizar para passagem de ônibus no outro dia e nós nos perguntando como voltaríamos pra casa depois daquela chuva e o nosso político esquerdista disperdiçando o do bolso de todo mundo. Sim, todos ficamos muito contentes com ele depois, sem dúvida.
A chuva engrossou e já estava nos molhando no nosso abrigo. A casa da Lis tinha birita, comida e música. Salvo o detalhe do transporte para as sete pessoas, será que pensaram duas vezes?
Conseguimos pegar dois táxis. Andrei, Gui e Léo foram primeiro, para ver se conseguiam abrir o portão da casa, já que tinham perdido o controle.
Fomos em seguida. Nos depararamos com o portão ainda fechado e dois dos três dentro do terreno. Só percebemos o Andrei do lado de fora quando olhamos ao redor, a procura de abrigo pra sair daquela chuva gelada. Rindo de nós na chuva, estava ele, enquanto ficava na marquize de uma casa. Ele é meu amigo, mas às vezes o sarcasmo dele me dá vontade de matá-lo.
O controle reserva não nos ajudou em nada, então o jeito foi pensar no plano B.
Enquanto a Lis foi ver se o controle dela não tinha sido perdido na esquina, o Léo e o Gui passaram duas cadeiras para servir de apoio na hora de pular o muro. Fui a primeira. Lanhei os cotovelos e as mãos, mas quase ter caído em cima do Léo foi um incentivo a manter o equilíbrio e pular sozinha o muro de, aproximadamente, 1,70m.
Em seguida, a Lis e a Jaque pularam, mas o Andrei e o Diogo ainda ficaram lá fora. Depois de muito quebrar a cabeça, a Lis descobriu que, apesar de o fundo de tecido estar rasgado, o controle continuava dentro da sua bolsa, entranhado no fundo de couro. Ainda bem que nem todo mundo soube disso na hora, pelo bem da integridade física dela.
Todos em casa, ensopados e começando a ter cheiro de cachorro (porque o Bruce não percebeu que cachorro carente e molhado não combinava com aquela turma de ensapados pela chuva). Secamo-nos e alguns beberam um pouco mais da bebida de piratas.
Enquanto o Gui comia um prato de macarrão caseiro, o Léo esquentava mais para mim e para ele, já que ninguém mais quis. Depois de muito proteger a panela do Diogo, que a toda hora vinha querendo temperar nossa janta com rum, colocamos na mesa e comemos. Foi praticamente uma competição de homem das cavernas, por que, enquanto o Léo estava no seu segundo prato, eu ia para o terceiro, se ele não tivesse puxado a panela para si. Debalde a luta pela panela, no fim os dois comeram três pratos.
Terminada a janta, combinamos de cada um lavar o seu. Mas como ele se enrolava mais com seu cigarro e com seus comentários a tudo o que a turma conversava, fiz ele secar toda a louça, enquanto eu lavava toda a louça. Foi em vão, eu sei, mas foi divertido ele competir comigo e ainda fazer a minha vontade (mesmo que não tenha terminado de secar).
Terminamos empatados, porque ariar a última panela de macarrão grudado no fundo, munida apenas de uma esponja gasta era uma disputa desiquilibrada para mim e ele conversava mais do que secava.
Discussão novamente sobre o que jogar. Para variar, escolheu-se verdade ou consequência, já que esse Léo não estava na outra vez.
Quem não quisesse responder ou escolhesse consequência, teria que beber um gole de rum com refrigerante. Mas quem quisesse beber antes de responder, ninguém fazia objeções.
Jogamos da 1h até quase 5h, quando estavam quase todos cansados de beber o rum (que já tinha passado da metade do vidro a essa hora) e o Martini.
Chamamos um táxi para pegar eu, a Jaque, o Diogo e o Andrei. Despedimo-nos deles e desejamos boa viajem para o Léo, que ia encararar 6h de viajem no domingo, na volta para casa.
Cheguei em casa um pouco menos ensopada do que quando entramos na casa da Lis, mas feliz por outra noitaça com uma parte da galera do verão. E mais feliz ainda por encontrar minha cama quentinha, naquele mesmo lugar e só faltando sorrir pra mim.

segunda-feira, 29 de março de 2010

Dia típico

Domingo outra vez. Passara o dia todo em casa, com a cama por fazer, as roupas pelo chão e o seu fiel e surrado pijama. Organizar o quarto, trocar de roupa, ser normal, para quê? É domingo e já fizera esforço o bastantate ao se levantar para preparar algo para almoçar.
Toda a atividade fisica dominical se resume em um fim: ligar o computador e colocar em dia seus afazeres. Afinal, ficar em casa sem fazer nada, em pleno domingo é deprimente.
Eis que o imprevisto acontece: o computador não liga. Nem com mexidas aqui e ali nas entradas, nem com reza brava. Quando um dos instrumentos mais úteis e necessários do século XXI te deixam na mão é que bate o desespero só de pensar se se perde algum arquivo importante. E o pior de tudo é que esse monte de lata esmaltada em cinza não tem nem mãe para se chingar.
Fazer o quê, o jeito é procurar ocupar a mente, até porque a programação da televisão nesse dia não é nada interessante. Olha para a pilha de roupas e a cama bagunçada no quarto, olha para o livro que recém pegou na biblioteca e que estava com muita vontade de ler. Na dúvida, simplifique: jogou as bagunças para o chão e se aninhou na cama ainda quente.
Aconhegada na cama, com a luz do dia na medida certa, tudo perfeito, até as três da tarde. Passa um carro com o som esganiçado daquelas cantoras de ‘dance brasileiro’ (para não falar música de toque polifônico de celular, em respeito aos que gostam). Na beira do incêndio da história do gato preto de Allan Poe, mesmo já tendo lido pelo menos três vezes essa história, mas querendo de novo ver o horror místico daquele gato gravado na única parede que sobrou da casa. Criar esse clima de suspense com o som do ‘deja vu’ tremendo a janela do quarto não é uma experiência muito satisfatória.
Então ela vai dar uma olhada nas tartarigas. Havia esquecido de deixar as plantas longe do aquário e a mais Touchet comeu um pedaço de sua planta carnívora. Tudo bem que tartarugas não são animais muito bonitos, mas essa não ficou com uma cara muito boa. Melhor cuidar dela com mais afinco. Melhor deixar o livro pra lá. Mas quem mais saiu perdendo foi a planta, já que também não estava bem, mas por falta de insetos para comer mesmo.

terça-feira, 16 de março de 2010

Breves reflexões

Nesse Domingo, procurei um lugar diferente para ficar. Como tinha muitas coisas para estudar, peguei uma cadeira e uma mesa portáteis e saí por aí sem rumo… certo, não foi assim, mas saí do perímetro urbano. Precisava fugir daqueles carros de som e motores de motos, que tantos cidadãos ainda pensam ser requisito de status por essas redondezas.
Fui para um sítio entre a praia e a cidade. Tirando um ou outro Jet Ski ou cachorro tepeêmico, os únicos ruídos que encontrei foram os de frutas e folhas caindo e, claro, a harmonia de tantos cantos de passaros cantados simultaneamente.
Consegui estudar, resistindo à tentação de ficar apaenas apreciando todo aquele ambiente em seu clímax natural. E, vivendo momentos como este, fico refletindo o que leva tantas pessoas a temer o silêncio e a adorar a superficialidade das aparências.
Não estou aqui para criticar ninguém. Faz parte do caminho de todos passar por atalhos perigosos e placas enganosas. Cabe a cada um, outrossim, escolher por onde ir (desde que não esqueça a premissa básica de que a sua liberdade termina quando começa a dos outros). Mas às vezes gostaria que as pessoas seguissem as placas em silêncio, porque esse caminho só elas podem traçar e não interessa a mais ninguém os louros ou as perdas que nele, certamente, irão encontrar.

terça-feira, 2 de março de 2010

Tuitização

Estava lendo o blog do Diogo hoje e o post dele me deu a ideia de escrever este post.
Antigamente, para ser aceito num grupo social como “normal”, precisava-se ter computador em casa e estar conectado ao mIRC. Para adolescentes, isso era totalmente aceitável e não importava se não se tinha nenhum amigo na vida ‘real’, pois todos os seus problemas pessoais se resolviam choramingando para algum usuário que se conhecesse há algum tempo.
O tempo passou e o MSN Messenger chegou. Quanta praticidade, ele trouxe! Agora, além de conhecer pessoas novas no IRC, podia-se adicionar o e-mail delas e conversar somente com os contatos da minha lista; evitando, assim, estupradores, pedófilos, ‘e-aí-gata-quer-tc’, entre outros que sempre apareciam pelos canais do servidor. Adeus mirc e olá msn!
Mas a vida de msn foi ficando chata, pois os contatos eram sempre os mesmos e, como na vida real, mesmas pessoas e assuntos lacônicos foram cansando e foi aí que surgiu o Orkut: uma rede em que não se precisava baixar qualquer programa, repleta de gente diferente e só entrava quem fosse convidado (coisa que não durou muito tempo, mas isso não vêm ao caso).
Sites como o orkut, myspace e facebook surgiram como uma revolução nas redes de relacionamento mundiais. Simples, práticos e leves, qualquer um que se cadastrasse poderia os acessar.
Mas, como todos os programas anteriores e tantos outros que simultaneamente foram surgindo, as pessoas mais ‘cutes’ (aqueles que vivem procurando coisas diferentes, para parecer diferente dos outros) foram se cansando e começaram a procurar outros sites que os norte-americanos gostassem, tencionando encontrar pessoas diferentes do seu já ‘manjado’ meio e também fugir dos estrupadores, pedófilos e ‘e-aí-gata-quer-tc’. Daí, o facebook surgiu: o orkut que os americanos - fugidos da invasão canarinha e idiana - adotaram como rede predileta de relacionamento.
Paralelo a isso, uma nova forma de rede social virtual foi crescendo também na cultura (se é que posso chamar assim) do tio-sam, que foi o incrível, o revolucionário, a salvação dos jornais, o Twitter!
O Twitter foi criado em 2006, com a intenção de encurtar estes textos gigantes e chatos dos blogs (como o meu) e forçar as pessoas à serem mais objetivas (com um limite de 140 caracteres) na hora de contarem o que estão fazendo,o que fizeram, o que prentendem fazer, ou qualquer outra conjugação do verbo fazer que elas desejassem utilizar. Sem contar a aparente praticidade para quem quisesse ler notícias sem ter que ler aqueles textos mesmos textos grandes e enfadonhos dos jornalistas, poetas, humoristas, escritores, produtores, ou qualquer outra pessoa aparentemente interessante ou famosa.
E muito se questionou se os microblogs iriam realmente atrair mais leitores para os jornais. Mas se enganaram. O que aconteceu foi que pouquíssimos souberam aproveitar com esse fim e, por três anos, os usuários brasileiros olharam com receio, talvez até desprezo, para essa figura que não parecia ter nada de atrativos. Mas não demorou muito até que os mesmos usuários (começando sempre pelos cutes, claro) aprendessem a usar, não como ferramenta útil de divulgação de algo interessante, algum evento bacana ou notícia para se compartilhar, mas como um quase relatório de atividades corriqueiras e desinteressantes, como dizer que vai assistir TV, comer, dormir, ir na casa do ciclano ou repetir uma frase engraçada ou que soou bonita para os contatos.
Sei que muito me demorei dando uma introdução da realidade que se tornou a rede social do jovem (tanto brasileiro como de qualquer outro país atingido pela globalização), mas precisei expor esse contexto para chamar a atenção dessa necessidade quase deseperadora dos usuários para procurarem algo menos pátrio e mais diferente possível, como forma de se auto-afirmar no seu círculo social, que, na maioria das vezes é bastante restrito.
Foi a partir dessa forma de redução de conteúdo (seja intelectual ou simplemente literário) que me veio o título deste post. As pessoas cada vez mais falam mais inutilidades, pensam menos nas consequências e procuram menos. A internet surgiu como uma revolução na tecnologia e até mesmo na troca de informações de forma mais igualitária. Mas quanto mais inovações e conteúdo a ser compartilhado surgem, menos as pessoas se interessam.
Não há dúvidas de que os dias da televisão estão contados (pelo menos para a juventude urbana atual), mas os dias de lavagem cerebral de massas e produção de estúpidos estão só começando.