quinta-feira, 4 de agosto de 2011

O prazer de um minuto de silêncio

A parte que mais me agrada dos solitários dias frios é o silêncio desta pequena cidade. Morando no centro, a poluição sonora é constante e os limites da lei do sossego, na maior parte do tempo, não passam de um sonho bom, desses que se tem numa tranquila noite de sono.

Eu faço cada segundo de tranquilidade parecer eterno, observando o barulho do vento e de uma ou outra coruja que, esporadicamente, voa por aqui, procurando pássaros menores e ratos. Até o latido distante daquele insone e irrequieto cachorro parece música para meus ouvidos, com ritmo certo e melodia sutil.

É nestes momentos que eu esqueço tudo o que estava fazendo, deito na cama, respiro fundo e pego um livro que comecei a ler, na semana passada. Aliás, que delícia que é ler nesta quietude! Até esqueço o barulho monótono da ventilação do computador que deixei ligado, ao lado da cama.

Sem sono e com toda a paz sonora que tanto me faz falta durante o dia, aproveitar minutos assim é tão bom quanto passar tardes tocando boa música ou ouvindo um recital de piano, num parque qualquer, em ótima companhia.

Quem nunca provou o sabor de momentos assim, no mínimo, não viveu o suficiente. Só sobreviveu. Acredita que vive, porque ainda respira, palpita o coração e talvez pisque os olhos, vez ou outra, lendo este texto. Mas só isso. É um ‘apenas vivo’, num vazio somente seu, que tantos outros ‘eu’ também sentem.