quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Viajem a la Porto Alegre

Ontem peguei o ônibus e fui para Porto Alegre - RS com meu excelentíssimo e guia predileto, Rangel. Queria ter avisado todos os meus amigos da capital gaúcha que eu iria, mas meu facebook resolveu me deixar na mão no único horário que eu tive livre, no dia anterior, mas espero que eles me perdoem.
Como eu tinha consulta médica, aproveitei para conhecer mais a cidade, já que meu namorado morou um tempo lá. Uma viajem de 4 horas, com um ônibus parando de rodoviária em rodoviária pode ser até desgastante, mas valeu muito a pena.
A última vez que me lembro de ter caminhado tanto foi numa viagem aos Canyons, quando fiz trilha com a turma da escola. Mas eu já havia perdido tempo demais - diga-se 7 anos indo a uma cidade, sem sequer alguma vez ter parado para observá-la mais de perto - e somente nove horas para explorar aquele supra-sumo cultural.
Chegamos à meia-hora da tarde. Encontramos um amigo e fomos ao Shopping Total. Esse amigo sugeriu comer no Habbib's, mas achamos melhor comer no Subway, em função do meu estômago fraco. Devorar um sanduíche daqueles e virar uma coca-cola de 600ml sozinha. Que saudade que estava de fazer isso!
Mas não tínhamos muito tempo a perder. Minha consulta era às 15 horas e nós ainda tínhamos que pegar um ônibus, para chegar lá com folga. Não sei onde eu ouvi isso, mas a melhor forma de se conhecer uma cidade é pegando um ônibus e indo até o fim de sua rota. Não foi o meu caso, mas conheci muita coisa naquele coletivo com ar condicionado. Mas não podia perder o foco da consulta. Run, Forrest, run!
Consulta feita e lá se foram duzentos e cinquenta reais. Os dez minutos mais caros do meu ano, mas tudo bem.
Depois disso, fomos caminhando até a casa desse amigo, ziguezagueando entre as ruas arborizadas e quentes de Porto Alegre. Qualquer vestígio de vento era muito bem-vindo naquele angustiante dia de verão.
Paramos numa vendinha, compramos algo para beber e chegamos à dita casa. Tudo fica melhor com gelo e ventilador ligado, sem dúvida.
Descansados, após colocar as conversas em dia, deixamos a casa do amigo e fomos enfrentar o calor gaúcho, para conhecer mais a cidade. Conhecendo minha compulsão por livros, o Rangel foi cauteloso o bastante para me deixar longe daqueles graciosos e aconchegantes sebos. Aproveitamos para conhecer o Parque Moinhos de Vento (vulgo Parcão), com seu lago repleto de patos e tartarugas que pareciam tão entediadas quanto as minhas, dormindo nas pedras, enquanto pegavam sol, achando-se despreocupadas o suficiente para esticar as patas e dormir até sentirem os sinais de ensolação ou desidratação. Qualquer semelhança entre esses répteis e alguns frequentadores humanos das praias brasileiras é mera coicidência.
Conheci o Shopping Moinhos de Vento (ou shopping da elite, em razão de estar situado ao lado de um dos hotéis mais luxuosos da cidade), suas lojas e o divertimento de vê-lo faltar energia. Sem esquecer do maravilhoso, o sublime, o cantinho da origem da felicidade, o verdadeiro sorvete italiano: uma franquia da Troppo Buono. Se Häangen-Dazs é o pedaço do paraíso no sorvete, Troppo Buono é o pedaço da felicidade. Vale a pena cada colherada. Mas isso foi antes de faltar energia. Sem luz, o jeito era continuar andando e esquecer do maravilhoso tempo que passamos no artificial ar condicionado.
Keeping walking, conheci o lugar onde o Rangel morava, as ruas com suas estradas de paralelepípedos conservados, bem como a imensidão de pet shops da cidade. Faz todo o sentido, numa cidade onde é cultural ir para os parques, nos finais de semana e levar seus cachorros.
Conheci o segundo mercado Zafari e pude pasmar, ao ver a mesma educação do povo que encontrei somente em cidades interioranas do Texas. Com licença, desculpe, obrigada, bom dia e boa tarde são palavras que ainda existem no vocabulário das pessoas da capital gaúcha. Esse seria um bom motivo para morar lá, não fosse a fama da violência urbana e da nítida poluição do ar, no centro da cidade.
Outra coisa que adorei no Zafari foi a variedade de cervejas. Se eu já não disse aqui, é um hobby meu e do meu querido conhecer e saborear cervejas. Quase levamos uma lata de 1 litro (sim, eu disse um litro!) de uma cerveja dark larger irlandesa, mas ia ficar complicado de caminhar as restantes quatro horas carregando um litro de cerveja. Paciência, o jeito foi acabar com nosso namoro por aquela belezinha e esperar para a próxima viajem para lá.
Na nossa caminhada, apesar do meu constante medo de ser assaltada, em momento algum vi algum mendigo ou andarilho pedindo esmola. Se fosse na minha micro cidade, seríamos parados a cada cinco minutos, cada um com uma história diferente para tentar enrolar. É essa política social que falta na maioria das cidades pequenas. Mas um dia chegamos lá.
Quase no fim da nossa caminhada, voltamos para o Total e encontramos o famoso hidromel - a bebida dos Vickings, da Idade Média, da Guerra dos Tronos e do Senhor dos Anéis -. Tentador provar, mas doía demais no bolso pagar 30 reais por uma garrafa que nem tinha um litro. Seria mais fácil aprender a fazer em casa, como nesse link. Tudo bem, acho que os Vickings vão nos perdoar dessa vez.
Voltamos para a Rodoviária de táxi, com o saldo de dois sorvetes maravilhosos, nenhuma cerveja, nenhum hidromel, duas corujinhas muito graciosas (outro hobby - vulgo compulsão - minha, hehe) e a sensação de um dia cansativo, mas muito divertido.
As novas 'bebezinhas', que estão fazendo companhia para as outras, em cima do piano