domingo, 6 de junho de 2010

Festival

Havíamos combinado, na noite anterior, de ir ao Garage Fest (um festival feito por quase os mesmos organizadores do Underground festival). Como a maioria da turma de sexta já tinha compromisso, o grupo se resumiu a mim, a Jaque e os Léos (com os 85% de chance do Léo de Joaçaba comparecer, como ele havia dito).
Já no Sábado, a Jaque me falou de um evento de moto perto da casa dela, que estava acontecendo e a música parecia ser blues. É impressionante como, mesmo gripada e cansada, tudo se torna ótimo de se fazer (ou quase tudo).
Perto da hora, curiosa para ver como era, ela foi ao tal local. Devia ser umas oito da noite. Eu não sabia, depois, se agradecia à curiosidade dela ou se tinha dó pelo salto que ela estava, mas, ao chegar lá, percebeu que o evento já havia acabado e estavam guardando os equipamentos e as máquinas. Paciência, valeu o exercício físico pelo menos.
Pegamos um táxi e fomos ao festival. Chegamos na segunda banda. Era metal core gospel, de Criciúma. Parecia que cada um vivia em uma órbita diferente, com um guitarrista com camisa de flanela, um vocal com cara de emo, um baixista com cara de doze anos, um guitarrista de calça colada e baby look listrada e um baterista que se atrapalhou com os pratos caindo o tempo todo. Mas, apesar do contexto, eles tocaram razoavelmente bem, apesar dos imprevistos e da falta de ajustes na mesa de som.
A terceira banda era de Sombrio. Tocaram bastantes músicas do Black Sabbath e algumas outras clássicas, além de um cover mal feito de You really got me now, do The Kinks, que me deixou bastante irritada, seja pelo guitarrista que enfeitava os solos, mudava drasticamente o tom e se atrapalhava, seja pelo vocalista, que além de desafinado e torto de bêbado, não acertou uma letra do repertório em inglês. Bem, deu para rir pelo menos.
Em seguida, tocaram duas ou três bandas de punk e horror punk que fizeram a maioria preferir ficar na rua, passando frio, a ouvir aqueles covers mal feitos de Misfits. Foi bom, assim podemos nos sentar num banco e discutir como o jovem brasileiro anda sem propósitos para lutar e protestar e o reflexo na música e na política. Conclusões bastante mistas de cada um. Impressionante como ainda se consegue tirar conclusões enquanto sóbrios.
A banda mais esperada na noite foi a Golla Polo, de rock’n’roll. Já havia assistido a outros shows deles e sabia que o vocalista era capaz de tirar de Led Zeppelin a Motörhead sem desafinar e ficar muito parecido com as músicas originais. Os instrumentistas também não deixaram por menos. Faz sentido, pelos anos de estrada que essa banda já tem.
A única coisa que faltou, como a Jaque disse, foi um pouco de humildade por parte da banda. Ao mesmo tempo que eles animavam, o vocal já começou a fumar enquanto cantava e parecia que faltava um pouco de vontade em cantar. Não sei, parecia um “copiar-colar”, o qual eles já usaram tanto que nem percebem mais que estão cantando ou tocando. Tudo bem que algumas pessoas da plateia tiveram sua parcela de culpa, como os gurizotes de 14 ou 15 anos, curvando-se ao vocalista e ao guitarrista, como se fossem deuses do rock (a ponto de chegar a segurar o cigarro do vocalista e pedir autógrafo no final), mas, para tudo, é preciso ter bom senso.
Sim, estou dedicando o terceiro parágrafo para a mesma banda, porque, apesar de tudo o que pré-escrevi, eu pulei e cantei muito com os covers do Metallica e do Matanza. Até aprendi a “bater cabeça” com uns amigos (o que meu pescoço está me castigando amargamente agora).
Por fim, começou a banda de Torres, de heavy metal. Não sei se foi por eles chegarem atrasados e serem os últimos, mas estavam bem dessintonizados com o que estavam fazendo e com a mesa de som. Tudo bem que todos os vocais estavam reclamando do retorno do som no palco, mas os caras perderam tempo demais ajustando o som, o que se tornou irritante. O interessante foi que, quando fomos esperar o Táxi, lá fora, pareceu que o som ficou melhor de se ouvir. Inclusive eles me surpreenderam, tocando Cemetery Gates, do Pantera (banda de trash metal).
Como eram só duas e meia da manhã e estava um frio convidativo para se beber, fomos para o bar, tomar uma garrafa de vinho. Todos estavam de estômago vazio, mas a vontade de se esquentar com essa ‘poética’ bebida era maior do que a consciência das consequências.
Como estávamos em quatro pessoas, o vinho colonial suave caiu bem e não deixou grandes problemas (apesar do mundo começar a girar e ter sido complicado para eu descer aquela escada do bar, mesmo me apoiando no corrimão).
Antes de irmos, entreguei ao Léo 2 o que o convencera a chegar no 100% de chance de ir conosco: o cd de concurso que eu prometera gravar.
Três e meia da madrugada, a Jaque vai para um lado e nós, para outro. Enquanto o Léo 1 ligava para chamar o Táxi para os dois, descobri que eu estava sem chave de casa. Que boa hora para se perceber isso.
Nos despedimos e fiquei esperando meu salvador. Minha sorte foi que meu irmão estava fora de casa e me ‘socorreu’. Mas não houve tempo para esconder minha peripécia em casa, porque meu pai dormia no sofá da sala. Como meu irmão chegou depois, foi ele que levou a culpa, mas depois nos acertamos.
Faltavam vinte minutos para as cinco e eu escrevia em tópicos sobre o que aconteceu, ignorando a falta de equilíbrio e temendo que o efeito do vinho me fizesse esquecer de algum detalhe dessa noite hilária. Dormi, finalmente, feliz e renovada, por tantas coisas surpreendentes e boas numa só noite.

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