domingo, 18 de julho de 2010

Show do Pouca Vogal

Depois de tanto tempo sem postar, resolvi registrar a divertida noite de ontem, quando fomos ao show do Pouca Vogal, banda formada pelo Duca Leindecker (Cidadão Quem) e pelo Humberto Gessinger (Engenheiros do Hawaii). Era um ritmo mais semelhante aos primeiros álbuns do Cidadão Quem, então já sabíamos que ia ser mais leve, inclusive nem fomos com grandes expectativas, o que valeu a pena. Mas vamos ao que interessa.
O show deveria começar às 23h, mas, em razão da chuva e do medo de pegar trânsito no caminho, combinamos de sair mais cedo; por isso, eram quinze para as onze quando saímos daqui, encarando uma pista deserta, com sinalização deficiente, nebulosidade. sem iluminação em grande parte do trajeto, com matagais altos, próximos ao acostamento (o que nos fez pensar que destes sairiam zumbis a nos perseguir a qualquer momento). Com toda essa atmosfera, não seria difícil parar para escrever um conto de terror, não fosse o Diogo ter colocado Chrome Division pra tocar no som do carro.
Chovia tanto que houve um momento em que, passando um carro em grande velocidade, pela pista contrária, a água veio com tanta força no parabrisa do nosso carro, que parecia como em um filme em 3D. Eu realmente achei que ia ficar ensopada com aquele ‘banho’.
Lá chegando, a quantidade de carros até nos surpreendeu (haja vista os comentários do show anterior, em que disseram não ter ido muita gente). Mas, ao entrarmos, percebemos que havia mais carros do que pessoas; aliás, mais carros do que casais.
A banda que abriu foi a 9 de Espadas, banda gaúcha, que está seguindo em turnê com o Pouca Vogal. Começaram bem, com músicas em ritmo de balada, com leve sombra de pop rock em alguns versos. As letras eram bastante melosas, com rimas não muito originais, com conteúdo amoroso e também “cornoroso”, como a grande maioria das bandas desse estilo. Ao ouvir a primeira música, era o mesmo que sintetizar todas as outras. O vocalista agradeceu pelo menos umas cinco vezes, dizendo que era muito bom estar lá e que ficava muito feliz com o apoio que o público estava dando para eles. Não demorou muito para que batêssemos palmas não por gostar, mas para ver se eles iam embora do palco logo.
Em razão da banda de abertura e da principal possuírem um estilo mais leve, não foi muito agradável ir solteira para o meio da multidão. Ao nosso redor, havia pelo menos cinco casais, cercando-nos com seus abraçozinhos grudentos e seus olhares demorados. Não posso dizer que senti inveja, mas aquilo estava me deixando angustiada.
Parecia não acabar mais. Se antes de iniciar as bandas, quase morremos de tédio (pela demora para começarem e por deixarem um mísero CD com aproximadamente 12 músicas, tocar das 23h à 1h30min), agora, a tortura era ao vivo, refletida numa banda que parecia ter um repertório infinito e o pior: previsível.
Finalmente, lá por umas duas horas da madrugada, os grudes ao nosso redor começaram a se dispersar, após a banda tocar sua saideira. Graças aos céus que ninguém pediu bis.
Outro CD foi deixado rolar, mantendo o clima “o cornor está no ar”, mas com a atenuante de deixarem tocar Nazi e Ira. Ah, que saudade da turma do verão!
Quando era passado um pouco mais das duas horas e meia da manhã, o Duca Leindecker finalmente apareceu, vestido com uma jaqueta de camurça básica e uma calça vermelha, seguido do Humberto Gessinger, com suas clássicas madeixas loiras, sua encharpe preta e uma caneca do pouca vogal, a qual ficamos tentando imaginar o que teria dentro, já que ele tomava com tanto gosto.
A ordem das músicas não foi diferente do que se esperava: Pouca Vogal, Cidadão Quem e Engenheiro do Hawaii. Começando com Depois da Curva, foi aquela hora em que a maioria disfarça, quem tem namorado(a) se abraça, meche o quadril pra lá, cabeça pra cá, mas poucos se arriscam a cantar. Poderia contar nos dedos da mão quem estava cantando junto e conhecia, de fato, letras do Pouca Vogal. Modéstia parte, mas eu estava entre esta minoria, haha.
Em seguida, tocaram uma popular do Engenheiros, o que fez todos se animarem e cantarem juntos, berrando, batendo fotos, dançando, enfim. Não vou citar títulos, um a um, porque, embora não tenha bebido, minha memória não anda das melhores e até acho que perderia a graça para quem ainda pretende ir a um show deles.
Após essa, o Gessinger comentou algo parecido com: “Ah, quando é do Engenheiros ou do Cidadão vocês sabem, né?”. Eu senti vergonha pelo público, mas ri muito com isso.
O Luciano Leindecker apareceu também, tocando o que parecia ser um baixo gigante, com som bastante parecido com o do violoncelo e uma espécie de bandolim do velho-oeste norte-americano, acompanhando em músicas do Cidadão Quem e do Pouca Vogal.
Ao contrário dos comentários que já havia ouvido falar sobre o carisma de Humberto Gessinger para com o público, esse se mostrou bastante bem humorado, fazendo piadinha com a classificação do time do Duca (acho que era o Inter), na Libertadores, e pareceu se divertir bastante, quando a platéia começou a cantar “Tigre, Tigre” e a mostrarem uma camiseta do Grêmio.
Passou um tempo em que eles tocaram apenas músicas do Cidadão e do Engenheiros (devido o fato de o repertório próprio da Pouca Vogal, ser ainda bastante pequeno), o que ajudou a animar o público. O Gessinger tocou várias no piano digital e até compôs acompanhamentos um pouco diferentes nas músicas do Cidadão, o que de longe desagradou aos mais agudos fãs.
Na saideira, tocaram a música de mesmo nome do projeto. Agradeceram muito a presença de todos e desceram. Pedimos mais e eles voltaram, fazendo um pot-pourri de uma música do Pouca vogal e dois versos de uma música de cada banda, baixando a tonalidade de uma música do Cidadão, a fim de ficar na mesma do Engenheiros e da Pouca Vogal. Ficou muito bacana.
Como o Diogo comentou depois, em quesito qualidade, ficou impecável. Eles souberam usar o talento que ambos têm para fazer dedilhados, melhorando as músicas das bandas anteriores e provando que ainda têm muito a oferecer de material de qualidade. Não é um Rock’n’roll, é verdade, mas um conteúdo que não se pode nem sonhar em jogar fora.
Comprei um CD deles, já no início do show, a fim de não pegar filas. As músicas já estavam disponíveis no site oficial, mas seria uma grande injustiça não dar valor a um trabalho tão bem composto.
Terminado o show, voltamos para Araranguá, comendo ovinhos de chocolate que a Jaque trouxera e com o Diogo dirigindo, durante boa parte do caminho, quase cego pelo farol alto do infeliz motorista que nos seguia.
Aproveitei a ocasião para estrear o cachecol vermelho que minha mãe tinha terminado pra mim. Com o sobretudo preto, parecia saída de um seriado nova-iorquino. Felizmente, minha ‘extravagância’ foi ofuscada pela saia curta e xadrez de uma menina de cabelos vermelhos que lá estava. corajosamente vestida, naquela típica noite chuvosa do mais típico ainda inverno de Julho.
Houveram outras figuras que ‘competiram’ conosco, como a guria com a cabeça raspada e maquiagem pesada, o guri com penteado de Justin Bieber e outra ainda, com óculos escuros, estilo anos oitentas e calças verde-bandeira (sabe como é, naquele sol escaldante das 2h, pra não dizer que a menina parecia ser nova demais para esconder que usa drogas, não tem colírio e usa óculos escuros).
Enfim, valeu a pena esperar três horas e meia para ver dois caras tocarem um som muito bem feito. Como o Gessinger falou, são a “menor banda de rock gaúcho”. Cuidaram com os efeitos, souberam usar os pedais e os playback dos instrumentos de acompanhamento, mantendo uma sincronia muito interessante. De fato, não é um show para se ir sozinho. Não digo pela banda, mas pelo público, claro. De uma forma ou de outra, recomendo a todos que ainda não foram.

6 comentários:

  1. alguém que estava no show18 de julho de 2010 às 18:59

    Oi, moça. Eu estava no show e eles citaram o nome da cidade, Meleiro, pelo menos duas vezes.
    Não sei se você sabe, mas o fato de ele dizer que "Santa Catarina é uma ilha" não tem a ver com Florianópolis, e sim com a letra da música. Ele 'adapta' conforme o local onde o show está acontecendo. Isso aconteceu em Araranguá, em Nova Veneza, e claro que, num show que assisti em Florianópolis, ele foi ainda mais bem sucedido. Mas não só no estado catarina. Abraços.

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  2. Certo, corrirei então. Obrigada por contribuir

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  3. ...você escreve muito bem...e o show realmente estava ótimo...porém foi realmente intediante estar desacompanhada e cercada de casaizinhos...
    ...mas os caras arrasam...meeesssmoooo...

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  4. Texto bom, pouca vogal é muito bom, os shows dos caras costuma ser ótimos!

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  5. Eu fui a um show deles na minha cidade aqui em Minas, os caras tocam demais e o show é para se admirar e “pagar pau”, não para dançar... Eu gostei muito, quase peguei a palheta do Gessinger... O único problema é que ele foi um pouco desatencioso com os fãs, não deixou nenhum entrar no camarim... mas foi foda, superou minhas expectativas

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