sexta-feira, 23 de abril de 2010

O perfume de um livro

Está aí uma vantagem de pegar autores desconhecidos ao público acadêmico: os livros, por mais antigos que possam ser, estão, geralmente, mais conservados que os preferidos pelo populacho e sempre se encontra surpresas e particularidades interessantes quando se começa a ler. Não que eu não goste de livros best sellers, mas estou fazendo essa postagem para falar sobre a particularidade de um ilustre desconhecido, aos que gostam de escrever ou simplesmente ler contos.
Mostrando um projeto de conto meu a um amigo, este chamou minha atenção para a deficiência de detalhes aos personagens que crio, o que interfere significantemente na verossimelhança do conto. Indicou-me, então, um autor que sabe como ninguém explorar os detalhes: Fyodor Dostoyevsky
Ao começar a ler, o Eterno Marido dele, percebi que, apesar da edição ter sido publicada em 1984, estava pouco mofado e com um odor singular, que parecia ser um perfume adocicado, e ao mesmo tempo suave, de mulher.
Era tão interessante às narinas aquele perfume, que eu não conseguia parar de ler o livro. É claro que o conteúdo do livro é realmente de muita qualidade e fez jus aos elogios de meu amigo. Realmente, não encontrei qualquer autor com o poder de descrição e que não tenha caído na monotonia como esse russo. Ah, mas aquele perfume.... tinha um ar de "aproxima-te mais". Não era apenas com os olhos que minha curiosidade devorava aquele livro, mas com o nariz e até mesmo com meu estômago, que pedia por mais daquilo que parecia ser uma fruta saborosa e tentadora, percebida pelo odor viciante, quase intoxicante que, só de pensar nele agora, já me faz sentir sua falta, como um entorpecente que te leva, aos poucos, ao paraíso.
Ah, se as editoras soubessem do poder de um perfume para a literatura...

Um comentário:

  1. Thabata! Acho que os donos de editoras devem ter lido o livro "o nome da rosa", rsrsrs. Deve ser por isso que eles nao colocam cheiros nos livros.

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