Eu pensei em falar sobre como foi meu dia, mas isso já está se tornando monótono demais. Então vim para falar de algo que eu realmente nunca tinha visto e que, pelo visto é relativamente inédito no país: o piano duplo.
Uma inteligente simplificação, que permite a dois pianistas assentarem-se em frente um do outro, a uma distância de 2m a 3m, dispondo cada um do seu teclado, das suas cordas e dos seus martelos, e partilhando somente o tampo em comum, que, por uma questão de acústica, é o mesmo para os dois maquinários.
É bastante comum se encontrar músicas compostas para dois pianos e, seja pelo espaço que ocupam, seja pelo problema de sempre cada tampo das caldas ficarem viradas para um lado diferente, o som sempre era prejudicado. Foi daí que surgiu a idéia de Gustavo Lyon, então diretor da Pleyel, no século XIX, unir dois pianos a um tampo só.
Uma inteligente simplificação, que permite a dois pianistas assentarem-se em frente um do outro, a uma distância de 2m a 3m, dispondo cada um do seu teclado, das suas cordas e dos seus martelos, e partilhando somente o tampo em comum, que, por uma questão de acústica, é o mesmo para os dois maquinários.
É bastante comum se encontrar músicas compostas para dois pianos e, seja pelo espaço que ocupam, seja pelo problema de sempre cada tampo das caldas ficarem viradas para um lado diferente, o som sempre era prejudicado. Foi daí que surgiu a idéia de Gustavo Lyon, então diretor da Pleyel, no século XIX, unir dois pianos a um tampo só.
Uma peculiaridade que surgiu com o piano duplo: tocando-se uma nota ou acorde num dos teclados, as vibrações repercutem-se nas cordas do segundo, podendo o pianista deste abafar o som, através dos pedais.
Apesar da praticidade que trouxe aos concertos, o piano duplo não se popularizou, em razão do tamanho e do preço. Pelo fato de ter dois maquinários de pianos de calda, o preço duplica. Indagando minha professora sobre o incomum instrumento, ela comentou que, nos seus tempos de conservatório, eles tinham um e costumavam tocar. Não havia muitas diferenças em relação a dois pianos separados. Mas, na partitura, exigia o dobro de atenção do que se fosse uma música a quatro mãos (típica para duas pessoas tocarem num piano só), pois os dois pianos nunca tocavam a mesma melodia, sendo, geralmente, um em seguida do outro, como se fosse uma conversa de dois namorados, numa mesa de jantar.
No Brasil, somente neste ano chegou à capital. Ele precisou de três anos para ser construído. Na oficina que mantém o Museu Casa do Piano - uma coleção de 52 pianos -, o afinador Rogério Resende planejou e executou o sonho de construir dois pianos em um único corpo. A caixa de 3,23m de comprimento abriga dois pianos de cauda de marca Essenfelder, recuperados na oficina do afinador. Resende investiu na experiência depois de deitar os olhos sobre a foto de instrumento semelhante idealizado por Lyon. Não diferente do resto do mundo, o tamanho e custo excessivo inviabilizaram o sucesso do piano duplo, que acabou restrito a poucos exemplares nas terras canarinhas.
No dia 19 de março, foi realizado, em Brasília, um recital de estreia do instrumento. Subiram ao palco as pianistas Neusa França e Maria Emília Osório, no auditório da Casa Thomas Jefferson.
Elas prepararam um repertóriovariado com música popular e erudita. "Quisemos agradar gregos e troianos", avisa Maria Emília. Músicas escritas para dois pianos é algo bastante comum na história do instrumento. Transcrever repertório sinfônico para dois teclados era uma forma de possibilitar a execução das peças com frequência quando as orquestras não estavam disponíveis. "O piano é o único instrumento que pode reproduzir a orquestra", avisa Maria Emília. "Todas as sinfonias dos grandes compositores foram transcritas para dois pianos porque se dispunha de poucas orquestras e, para que sua música passasse à posteridade, os músicos não podiam depender das poucas orquestras", explica o pianista Dib Franciss, que ajudou a dupla a montar o repertório.
A primeira parte do recital trouxe Jesus alegria dos homens, de Bach, com arranjo do próprio compositor e Fantasia em dó menor, de Mozart, cuja transcrição para o segundo piano leva a assinatura do norueguês Edward Grieg. A partitura original de Mozart é preservada e tocada por um dos pianos, enquanto o outro executa a criação de Grieg com uma leitura mais harmônica que dá novas sonoridades para a peça sem comprometer a espinha do classicismo do compositor.
De Mozart, a dupla também toca o samba alla turca [também conhecido como Marcha Turca], criação do norte-americano J. P. Buttall para um dos maiores sucessos do austríaco. Já a Dança Slava tem as partituras dos dois pianos escritas pelo tcheco Antonín Dvořák. Gershwin, Villa-Lobos, Ernesto Nazareth, Claudio Santoro e Leucona também estiveram no programa com arranjos originais. É em Prelúdio e Valsa, de Chopin, que entra a mão de Neusa França como compositora. Para as duas peças, enquanto Maria Emília executa a partitura original em um teclado, Neusa improvisa no outro. "Vou fazendo o que me vem à cabeça", diz a pianista, que assina também a valsa Primeiro beijo e o samba Exaltação a Brasília, criação mais recente feita em homenagem aos 50 anos da capital.
O recital foi gravado e transmitido novamente ontem, pela TV Senado. Foi realmente muito agradável de ouvir. Mas, para deixá-los na curiosidade, vou postar outro vídeo em um piano duplo, que considerei bastante expressivo e interessante.
Fontes: Correio Braziliense
Blog da Guilhermina Suggia
Ola, muito bom o assunto =) ..interessante e o som tambem nao deixa nada a desejar, desconhecia esse tipo de instrumento.
ResponderExcluirbjo.
Em um Video Music Awards da MTV, o Guns'n'Roses fez uma apresentação junto com Elton John tocando num piano assim.
ResponderExcluirTexto meio técnico, mas gostei!